O deputado Ricardo Zarattini (PT-SP), relator da medida provisória (MP) alternativa ao IOF, defende que o Governo utilize a pressão sobre cargos ocupados pelo Centrão para evitar a derrota em plenário. A proposta busca arrecadar R$ 17 bilhões, mas enfrenta resistência e risco de desidratação.
Pressão por cargos no governo
Zarattini sugere que partidos do bloco, que detêm posições estratégicas, demonstrem lealdade ao governo. “Não dá para esses partidos terem o filé mignon do governo e votarem contra numa matéria dessas. Ameaçar ministro de expulsão é fácil, abrir mão de presidência e Diretoria de banco público é outra coisa”, declarou o relator. Embora a presidência da Caixa Econômica Federal (CEF) não esteja em discussão, a realocação de postos estratégicos para aliados já ocorre. Um exemplo é a superintendência da Codevasf-PB, que mudou de mãos.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, reforça a necessidade de alinhamento. “Quem está no governo tem de ser governo. Não cobramos posições em matérias de valores, mas em matérias de interesse do Brasil”, afirmou.
Tarcísio de Freitas nega interferência na MP do IOF
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, negou veementemente ter articulado contra a MP. “Não sou de interferir nesses assuntos. Estamos muito focados em uma série de questões aqui [em São Paulo]”, disse Tarcísio.
Por outro lado, Ciro Nogueira confirmou estar atuando pela derrubada do texto, citando a discordância com o aumento da carga tributária. “Não tenha dúvida que eu estou articulando isso [a derrubada], porque nós temos, como determinação partidária, nenhum aumento de carga tributária mais no nosso país. Essa medida provisória só vem para beneficiar o descaso que esse governo tem com as contas públicas e com a gestão fiscal. Eu sou radicalmente contrário a essa MP”, declarou.
A articulação política em torno da MP do IOF reflete as complexas negociações entre o governo e o Congresso Nacional, onde a distribuição de cargos é uma moeda de troca frequente.
Fonte: Valor Econômico
