A mortalidade masculina é um fenômeno alarmante que transcende todas as faixas etárias no Brasil. Em um trágico incidente recente na Zona Norte do Rio, 117 pessoas morreram em uma operação policial, e um dado crucial se destacou: todas as vítimas eram homens. Essa estatística reforça uma realidade persistente que é frequentemente negligenciada em discussões sobre envelhecimento e saúde.
Em debates sobre envelhecimento e gênero, o foco recai quase que unanimemente sobre as mulheres, suas sobrecargas de cuidado e a potencial viuvez. No entanto, a morte prematura dos homens é tratada como um dado adquirido, sem a devida atenção para suas causas e prevenção.
O Início Precoce da Mortalidade Masculina
Os dados sobre mortes infantis revelam um cenário preocupante: meninos morrem mais do que meninas desde os primeiros meses de vida. Essa disparidade se estende por todas as faixas etárias antes dos 80 anos. As causas são multifacetadas e incluem quedas, afogamentos, acidentes de moto, homicídios, suicídios, overdoses, Aids e infartos precoces, vitimando muito mais homens do que mulheres.
No início da vida adulta, os homens representam 80% dos óbitos, um número que se mantém elevado, em torno de 60%, entre os cinquentões. Somente após os 80 anos é que as mulheres passam a ser maioria dos falecimentos.
Vulnerabilidades Específicas e o Movember
Homens compõem a maioria da população carcerária, de pacientes em hospitais psiquiátricos e de pessoas em situação de rua. Mesmo com melhor inserção no Mercado de trabalho, eles predominam em ocupações mais perigosas e com menor socialização. Novembro, conhecido como Movember, é um período importante para discutir não apenas os tipos de Câncer masculinos, mas também a saúde mental dos homens e as normas sociais que os afetam.
A campanha, que une as palavras ‘bigode’ e ‘novembro’ em inglês, vai além do engajamento visual. Ela serve para debater a cultura e as convenções sociais que contribuem para a vulnerabilidade masculina. Não se trata de uma ‘guerra dos sexos’, mas sim de reconhecer e combater as tendências que levam os homens a morrerem mais cedo.
A vulnerabilidade masculina se manifesta de diversas formas: o menino exposto a riscos, o jovem que busca aceitação em facções criminosas, o adulto que afoga seus problemas financeiros no álcool. É fundamental abordar essas questões de forma proativa para mudar esse cenário.
Fonte: Estadão