O ministro Alexandre de Moraes, conhecido torcedor do Corinthians, reagiu com bom humor ao ser chamado de palmeirense por um advogado durante o julgamento do núcleo 4 da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração ocorreu em meio a discussões sobre desinformação e suas consequências.
Durante sua sustentação oral, o advogado Melillo Dinis do Nascimento usou o ministro como exemplo hipotético para ilustrar como a desinformação pode ser atribuída indevidamente a pessoas. “Se eu disser que o ministro Alexandre de Moraes é torcedor do Palmeiras, isso não só é injusto, como acaba por trazer consequências quando ele for lá no Itaquerão”, disse o advogado, referindo-se ao estádio do Corinthians.
De forma descontraída, Moraes respondeu: “E para o senhor também. Consequências sérias”. Melillo, que defende o réu Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, ex-presidente do instituto Voto Legal, concordou em tom jocoso: “Claro, seríssimas”.
O advogado utilizou outros ministros da Primeira Turma para reforçar seu argumento sobre os perigos da desinformação. Exemplificou que alegar que o ministro Luiz Fux pratica krav maga em vez de jiu-jitsu, ou que o ministro Flávio Dino foi governador da Carolina do Norte e não do Maranhão, ou ainda que a ministra Cármen Lúcia não gosta de Minas Gerais, poderiam gerar problemas.
Melillo Dinis do Nascimento ressaltou o cenário de radicalização e polarização que, em sua visão, favorece a disseminação de fake news sem controle. “Estamos em um ecossistema fundamentalista, polarizado, cristalizado em um mecanismo que não tem controle. E essa Falta de controle não depende da produção ou não da informação”, afirmou.
Julgamento do Núcleo da Desinformação
O núcleo 4, apelidado de “núcleo da desinformação”, inclui os réus Ailton Moraes barros (ex-major do Exército), Ângelo Denicoli (major da reserva do Exército), Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, Giancarlo Rodrigues (subtenente do Exército), Guilherme Almeida (tenente-coronel do Exército), Marcelo Bormevet (agente da Polícia Federal) e Reginaldo Abreu (coronel do Exército).
Na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a condenação de todos os sete acusados. O procurador-geral Paulo Gonet argumentou que eles realizaram um “manejo estratégico de informações sabidamente falsas como instrumento de desestabilização social”, atuando para desestabilizar o país.
Originalmente, a Primeira Turma havia agendado sessões para os dias 14, 15, 21 e 22 de outubro. Contudo, a sessão do dia 15 foi cancelada, e há a expectativa de que o julgamento seja concluído já na terça-feira, 21, sem a necessidade da data de 22 de outubro.
Fonte: Estadão