O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reabriu nesta quinta-feira (16) as investigações sobre a suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal durante sua gestão.

O caso foi inicialmente aberto no Supremo após o então ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro apontar a atuação indevida de Bolsonaro. Na época, o ex-presidente acusou o ex-auxiliar de denunciação caluniosa.
PGR avalia necessidade de ampliar apuração
Em maio de 2024, Moraes questionou se o atual Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, manteria o pedido de arquivamento do caso. Agora, a PGR entende que é preciso verificar com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações apontadas nos diálogos e no depoimento do ex-Ministro.
A Procuradoria sugere que essa apuração considere o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis. Gonet entende que a PF deve avaliar se há alguma conexão entre os fatos apontados por Moro e a investigação de organização criminosa responsável por ataques sistemáticos a autoridades, ao sistema eleitoral e a instituições públicas, por meio de obtenção clandestina de dados sensíveis e propagação de notícias falsas.

Entenda a acusação de Moro
Ao anunciar sua saída do Governo em 24 de abril de 2020, Moro declarou que Bolsonaro tentou interferir politicamente no trabalho da Polícia Federal (PF) e em inquéritos relacionados a familiares. O pedido de abertura do inquérito foi encaminhado pelo então procurador-geral da República, Augusto Aras.
Um dos motivos alegados por Moro para deixar o Ministério da Justiça foi a exoneração do ex-diretor-geral da PF Mauricio Valeixo, seu homem de confiança. Moro afirmou que Bolsonaro decidiu trocar a direção-geral da PF porque o presidente gostaria de ter Acesso a informações de inquéritos sobre a própria família.
De acordo com Moro, Bolsonaro manifestou a intenção de interferir no comando da corporação em diversas ocasiões, inclusive na reunião ministerial de 22 de abril de 2020. Em pronunciamento no mesmo dia em que Moro deixou o governo, o então presidente afirmou que as declarações do ex-ministro eram infundadas.
Contradições e nomeação polêmica
Em 12 de maio de 2020, Bolsonaro disse que o vídeo da reunião de 22 de abril deveria ter sido destruído e que sua preocupação era com a segurança da família. Dias depois, no entanto, admitiu ter falado a palavra “PF” no encontro ministerial, mas ressaltou que se posicionou para interferir em assuntos de segurança física de sua família, e não em temas de inteligência e investigações dentro da corporação.
Quatro dias após Moro deixar o governo, Bolsonaro nomeou Alexandre Ramagem – então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e amigo da família do presidente – para o cargo de diretor-geral da PF. A nomeação foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que entendeu ter havido desvio de finalidade.
Fonte: G1