Moraes reabre inquérito sobre interferência de Bolsonaro na PF

Ministro Alexandre de Moraes reabre inquérito sobre suposta interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal a pedido da PGR.
Interferência de Bolsonaro na PF — foto ilustrativa Interferência de Bolsonaro na PF — foto ilustrativa

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reabriu nesta quinta-feira (16) as investigações sobre a suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal durante sua gestão.

O caso foi inicialmente aberto no Supremo após o então ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro apontar a atuação indevida de Bolsonaro. Na época, o ex-presidente acusou o ex-auxiliar de denunciação caluniosa.

PGR avalia necessidade de ampliar apuração

Em maio de 2024, Moraes questionou se o atual Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, manteria o pedido de arquivamento do caso. Agora, a PGR entende que é preciso verificar com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações apontadas nos diálogos e no depoimento do ex-Ministro.

A Procuradoria sugere que essa apuração considere o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis. Gonet entende que a PF deve avaliar se há alguma conexão entre os fatos apontados por Moro e a investigação de organização criminosa responsável por ataques sistemáticos a autoridades, ao sistema eleitoral e a instituições públicas, por meio de obtenção clandestina de dados sensíveis e propagação de notícias falsas.

Reunião ministerial em 22 de abril de 2020, citada por Sergio Moro em depoimento sobre suposta interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal.
Reunião ministerial em 22 de abril de 2020.

Entenda a acusação de Moro

Ao anunciar sua saída do Governo em 24 de abril de 2020, Moro declarou que Bolsonaro tentou interferir politicamente no trabalho da Polícia Federal (PF) e em inquéritos relacionados a familiares. O pedido de abertura do inquérito foi encaminhado pelo então procurador-geral da República, Augusto Aras.

Um dos motivos alegados por Moro para deixar o Ministério da Justiça foi a exoneração do ex-diretor-geral da PF Mauricio Valeixo, seu homem de confiança. Moro afirmou que Bolsonaro decidiu trocar a direção-geral da PF porque o presidente gostaria de ter Acesso a informações de inquéritos sobre a própria família.

De acordo com Moro, Bolsonaro manifestou a intenção de interferir no comando da corporação em diversas ocasiões, inclusive na reunião ministerial de 22 de abril de 2020. Em pronunciamento no mesmo dia em que Moro deixou o governo, o então presidente afirmou que as declarações do ex-ministro eram infundadas.

Contradições e nomeação polêmica

Em 12 de maio de 2020, Bolsonaro disse que o vídeo da reunião de 22 de abril deveria ter sido destruído e que sua preocupação era com a segurança da família. Dias depois, no entanto, admitiu ter falado a palavra “PF” no encontro ministerial, mas ressaltou que se posicionou para interferir em assuntos de segurança física de sua família, e não em temas de inteligência e investigações dentro da corporação.

Quatro dias após Moro deixar o governo, Bolsonaro nomeou Alexandre Ramagem – então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e amigo da família do presidente – para o cargo de diretor-geral da PF. A nomeação foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que entendeu ter havido desvio de finalidade.

Fonte: G1

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