O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a reabertura de um inquérito que investiga a suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF). A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Contexto das Investigações e Pedido da PGR
As investigações foram originalmente instauradas em 2020, após o então senador Sergio Moro acusar Bolsonaro de promover trocas na PF com o intuito de proteger aliados e familiares. Na época, a PGR, sob o comando de Augusto Aras, solicitou o arquivamento do caso em 2022, alegando ausência de indícios de crime.
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, argumentou que não havia provas de que o ex-presidente tenha alterado a Liderança da PF para benefício próprio, indicando apenas “divergências” entre Bolsonaro e Moro sobre critérios de substituição.
Reavaliação e Novas Demandas Investigatórias
Em 2024, Moraes consultou o atual procurador-geral, Paulo Gonet, sobre a manifestação de arquivamento anterior. Gonet, por sua vez, sinalizou a necessidade de novas apurações, visando ampliar o escopo dos fatos sob investigação. Ele destacou a importância de verificar com mais detalhes se ocorreram interferências ou tentativas de interferências nas investigações, com base em diálogos e no depoimento de Moro, utilizando a estrutura do Estado e obtendo dados sensíveis de forma clandestina.
O procurador-geral solicitou que o processo seja encaminhado à PF para investigar a possível conexão entre a suposta interferência de Bolsonaro na PF e outros inquéritos que apuram o uso indevido da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o Governo anterior.
Conexão com a ‘Abin Paralela’
Em junho, a PF concluiu que o ex-presidente estaria envolvido no caso conhecido como “Abin paralela”, embora não tenha sido indiciado formalmente. A suspeita é de que o software FirstMile tenha sido utilizado para monitorar autoridades e adversários políticos do governo Bolsonaro, além de disseminar informações falsas sobre urnas eletrônicas. Neste caso, 36 pessoas foram indiciadas, incluindo Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin.
A Defesa de Jair Bolsonaro foi contatada, mas não se manifestou até o momento da publicação desta reportagem.
Fonte: Valor Econômico