O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal (PF) inicie investigações sobre dois focos cruciais no combate ao crime organizado: os esquemas de lavagem de dinheiro no Rio de Janeiro e a infiltração de organizações criminosas no poder público. O anúncio ocorreu durante uma audiência com entidades da sociedade civil sobre a recente megaoperação policial na capital Fluminense.
Combate ao Crime Organizado e Recuperação de Territórios
A reunião foi convocada por Moraes no contexto da ADPF das Favelas, que estabeleceu diretrizes para operações policiais em comunidades do Rio e a necessidade de reduzir a letalidade. Segundo o ministro, o objetivo das novas medidas é fornecer uma resposta eficaz para recuperar territórios dominados por organizações criminosas, enfraquecendo milícias e tráfico para, consequentemente, diminuir a violência.
Investigação Financeira como Ferramenta Estratégica
Moraes enfatizou a importância da investigação macro, especialmente o rastreamento financeiro das facções, como ferramenta essencial para enfraquecer essas organizações e reduzir os índices de violência. Ele também abordou a questão da Polícia Técnico-Científica do Rio de Janeiro, apontando a Falta de autonomia e estrutura, e a subordinação à Polícia Civil como fatores que comprometem a independência das investigações.
Controle Externo e Uso da Força Policial
O ministro reforçou a necessidade de fortalecer o controle externo das operações policiais pelo Ministério Público. Além disso, informou ter solicitado as imagens da ação nos complexos da Penha e do Alemão para verificar a ocorrência de uso excessivo da força. A audiência, realizada a portas fechadas, contou com a participação de diversas organizações de direitos humanos e sociais, que trouxeram pontos como a necessidade de perícias independentes e melhoria no controle externo da atividade policial.
Contexto da Operação Contenção
A operação em questão, denominada Contenção, foi a mais letal já registrada no país, com 121 mortos. O número superou o massacre do Carandiru. Embora o governo do Rio de Janeiro afirme que a maioria das vítimas possuía histórico criminal, a operação, que mirou o Comando Vermelho (CV), não conseguiu prender a principal Liderança do grupo. O ministro Alexandre de Moraes busca, com estas novas determinações, aprofundar a investigação sobre as estruturas financeiras e a penetração criminosa no aparato estatal.
Fonte: Valor Econômico