Nobel de Economia alerta: Monopólio tecnológico limita inovações no Brasil

Nobel de Economia Paul Romer alerta que monopólios tecnológicos no Brasil concentram poder e limitam disseminação de ideias, prejudicando o avanço.
Monopólio tecnológico — foto ilustrativa Monopólio tecnológico — foto ilustrativa

O economista americano Paul Michel Romer, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2018, alertou em São Paulo que o monopólio, especialmente no setor de tecnologia, pode ser um obstáculo para o desenvolvimento social e econômico. Segundo Romer, a concentração de poder em poucas mãos limita a disseminação de ideias e o avanço do conhecimento.

“Lembre-se como a economia pode ser fantástica quando não se tem um monopólio”, destacou Romer durante o evento Global Voices, promovido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ele ressaltou a importância de governos fortes, capazes de conter o avanço de grandes corporações que possam prejudicar a sociedade, e fez um alerta específico para o Brasil sobre os monopólios de empresas de tecnologia que controlam o fluxo de informações.

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Paul Romer, Nobel de Economia, discute os perigos do monopólio tecnológico.

Paul Romer foi laureado com o Nobel por sua contribuição em demonstrar como a inovação tecnológica e o conhecimento impulsionam o crescimento econômico a longo prazo. Ele argumenta que o progresso da humanidade está intrinsecamente ligado ao compartilhamento de ideias e conceitos, desde a invenção da escrita até o desenvolvimento de linguagens de programação.

Governos Fortes Contra Monopólios

Em uma mensagem direta ao Brasil, Romer enfatizou a necessidade de um governo robusto para enfrentar desafios. “A sociedade não deveria se curvar a grandes monopólios da tecnologia que regulam as informações”, disse. Ele exemplificou a necessidade de intervenção estatal em casos como a intoxicação por chumbo ou o vício em opioides, onde o governo é o único ator com força suficiente para impor restrições necessárias.

Romer explicou que, embora as ideias impulsionem a inovação, elas também tendem a gerar monopólios. “Economistas têm dito há décadas que o Mercado competitivo direciona nossa energia para a produtividade, mas ele é corroído pelo monopólio”, afirmou. A dinâmica entre a geração de ideias e a concorrência é um ponto central de sua análise.

Um exemplo prático de como o conhecimento compartilhado pode gerar valor é a invenção do soro caseiro em Bangladesh. Essa ideia, desenvolvida localmente, foi disseminada mundialmente, salvando inúmeras vidas e evitando internações hospitalares, evidenciando que “o valor vem quando todos nós pudermos usá-la”, pontuou Romer.

Inovação Aberta e o Papel do Código Aparentemente Aberto

Ao discutir suas pesquisas sobre “meta ideias” (ideias que geram outras ideias), o Nobel citou a linguagem falada, a escrita, a matemática e os códigos de computador como exemplos. Ele destacou o desenvolvimento da linguagem de programação Python como um caso de sucesso de desenvolvimento aberto, acessível a todos os programadores sem custos de Licenciamento.

No entanto, Romer apontou uma preocupação: um documentário sobre Guido van Rossum, criador do Python, lançado em 1991, não aparece nas buscas do Google. Essa observação levanta questões sobre como algoritmos de busca podem priorizar determinados conteúdos, potencialmente obscurecendo materiais valiosos e acessíveis, especialmente quando comparado a ferramentas de busca pagas como o Kagi, que prioriza a qualidade da resposta em detrimento de anúncios.

Preocupações com a Microsoft e a Segurança de Dados

Romer expressou preocupação com a gigante de tecnologia Microsoft. Ele citou um relatório de segurança que apontava vulnerabilidades nos sistemas de compartilhamento de informações em nuvem da empresa. “A Microsoft é a maior ameaça aos EUA” porque lucrou sem priorizar a segurança, declarou.

O economista manifestou pessimismo em relação à política regulatória dos EUA, observando uma tendência de enxugamento das agências governamentais. Essa redução na fiscalização, segundo ele, pode permitir que empresas com falhas de segurança continuem operando sem as devidas correções, expondo a sociedade a riscos.

Fonte: InfoMoney

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