Argentina: Bancos Elevam Recomendações Após Vitória de Milei

Vitória de Javier Milei nas eleições argentinas impulsiona ativos. Bancos como J.P. Morgan, Citi e Itaú BBA elevam recomendações e projetam recuperação econômica.
Gráfico do mercado financeiro argentino com alta após vitória de Javier Milei nas eleições legislativas. Gráfico do mercado financeiro argentino com alta após vitória de Javier Milei nas eleições legislativas.

A Vitória de Javier Milei nas eleições legislativas argentinas superou as expectativas do mercado, impulsionando o desempenho dos ativos do país nesta segunda-feira. Com um cenário de maior governabilidade, investidores aguardam agora a formação de alianças políticas pelo La Libertad Avanza (LLA), ajustes no regime cambial e uma desvalorização controlada do peso para a reconstrução das reservas argentinas.

Diante disso, instituições financeiras aumentam suas recomendações otimistas para os ativos argentinos. O ponto chave da eleição era a necessidade do partido governista conquistar um terço da Câmara, garantindo a capacidade de sustentar vetos presidenciais e reduzindo o risco de impeachment.

“O resultado efetivo foi que o LLA, sozinho, obteve 93 cadeiras, alcançando 37% dos assentos. Isso é importante não apenas para garantir um terço, mas também porque os posiciona muito mais próximos dos 50%, aumentando assim as chances de aprovar reformas na segunda metade do mandato”, apontam os estrategistas do J.P. Morgan em nota.

Pesquisas recentes indicavam perda de tração do Governo, gerando desconfiança entre os agentes. O triunfo inesperado de Milei levou o mercado a reavaliar os prêmios de risco nos ativos argentinos.

O Merval, principal índice de ações, avançou 21,77%, e o dólar recuou 4% frente ao peso argentino, a 1.432,49. Títulos soberanos do país também registraram alta de cerca de 10%.

Gráfico do mercado financeiro argentino após as eleições legislativas.
Mercado financeiro argentino reage positivamente ao resultado eleitoral.

Recomendações Otimistas e Rali no Mercado

“Considerando o resultado, que superou nossas expectativas em termos de votos totais, cadeiras na Câmara dos Deputados e representação no Senado, reiteramos nossa recomendação de exposição acima da média de Mercado (OW) para a Argentina, com exposição a Vista, YPF e Galicia”, afirmam estrategistas de ações para América Latina do J.P. Morgan.

O banco acredita que as taxas locais podem se aproximar rapidamente dos níveis observados no período pós-controles de capital, quando Letras do Tesouro Nacional Capitalizáveis em Pesos (Lecaps) negociavam em torno de 30%. Isso contrasta com o fechamento de sexta-feira para a curva de taxa fixa de 45-50%.

Com a menor preocupação dos mercados quanto à governabilidade, especialmente após o discurso de Milei convidando alianças, o foco principal se volta agora para a estrutura cambial.

Peso Argentino e Estrutura Cambial

O peso argentino estava menos exposto antes das eleições, com a ausência de preocupações urgentes com a balança de pagamentos. Houve uma correção de aproximadamente 30% na taxa de juros real efetiva desde as mínimas do ano e um posicionamento limpo de investidores estrangeiros.

“Embora as últimas semanas tenham exposto as vulnerabilidades do sistema de bandas, que carece de flexibilidade em meio a choques, e alguns ajustes cambiais possam ser necessários para restaurar a acumulação de reservas, acreditamos que a combinação de um resultado eleitoral forte e o apoio contínuo dos EUA se ganha tempo para que quaisquer mudanças potenciais sejam implementadas”, apontam os estrategistas do J.P. Morgan.

O Citi também espera um aumento significativo nos preços dos ativos argentinos. No entanto, há um debate sobre a evolução do programa de estabilização em sua próxima fase, que deve incluir ajustes na política monetária e no regime cambial para eliminar fraquezas e acumular reservas.

Perspectivas para o Setor Bancário e Desafios Futuros

O Itaú BBA elevou a recomendação das ações dos bancos argentinos para “outperform”. “O ambiente de crescimento para os bancos argentinos deve voltar aos trilhos após as eleições deste Fim de Semana. O resultado, com 40% de apoio ao atual governo, aumenta as chances de continuidade das políticas. O sucesso nos resultados fiscais ajuda a controlar a inflação e as taxas de juros e, consequentemente, melhora as perspectivas para o setor bancário de crédito e seus múltiplos de avaliação”, escrevem os analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard.

Por outro lado, os economistas Diego Ciongo e Soledad Castagna, do Itaú, apontam desafios como taxas de juros mais altas que afetaram o mercado de crédito e aumentaram a inadimplência. As reservas líquidas são baixas, com aproximadamente US$ 4 bilhões, tornando a acumulação de reservas uma prioridade para cumprir o programa do FMI e realizar pagamentos de dívida.

“Dada a forte defesa do atual regime cambial com bandas flutuantes por parte do governo, uma revisão completa da estrutura parece improvável, mas ela pode ser ligeiramente ajustada para permitir um teto mais alto. No entanto, não podemos descartar um novo acordo com o FMI que revise as metas do programa, particularmente nas áreas monetária e cambial. No médio prazo, a Suspensão completa dos controles cambiais continua sendo uma tarefa pendente”, afirmam.

Fonte: Valor Econômico

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