Meta capta US$ 30 bilhões em títulos para IA; maior oferta do ano

Meta capta US$ 30 bilhões em títulos para impulsionar investimentos em inteligência artificial, marcando a maior oferta corporativa do ano.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, em evento sobre inteligência artificial, destacando a estratégia da empresa em IA e captação de recursos. Mark Zuckerberg, CEO da Meta, em evento sobre inteligência artificial, destacando a estratégia da empresa em IA e captação de recursos.

A Meta Platforms Inc. anunciou nesta quinta-feira a intenção de vender US$ 30 bilhões em títulos de grau de investimento, configurando a maior oferta de títulos corporativos de alta qualidade do ano. A operação ocorre após a empresa registrar pedidos recordes para a dívida.

Esta movimentação financeira surge um dia após o CEO Mark Zuckerberg sinalizar que a companhia intensificará ainda mais os investimentos em Inteligência Artificial no próximo ano. Segundo projeções do Morgan Stanley, as grandes empresas de tecnologia, conhecidas como hiperescaladores, deverão investir cerca de US$ 3 trilhões em infraestrutura, como data centers, até o final de 2028, com aproximadamente metade desse montante potencialmente financiado pelo fluxo de caixa das próprias empresas.

Maior Oferta do Ano e Recorde de Pedidos

A venda de títulos desta quinta-feira se destaca como a maior oferta de títulos de alta qualidade desde 2023, quando a Pfizer Inc. movimentou US$ 31 bilhões em dívida. Os investidores demonstraram forte apetite, com pedidos totalizando US$ 125 bilhões para os títulos da Meta. Esse volume superou o Recorde anterior de 2018, quando os investidores demandaram US$ 120 bilhões em títulos da CVS Health Corp., em uma oferta de dívida de US$ 40 bilhões.

O Mercado de crédito se mostra cada vez mais essencial como fonte alternativa de financiamento para investimentos em IA. Andrew Sheets, chefe global de pesquisa de crédito corporativo do Morgan Stanley, comentou sobre a tendência: “A maior parte desse investimento em IA ainda está por vir. Está apenas começando a ganhar impulso, então esse tema estará presente por um tempo.”

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, em evento sobre inteligência artificial.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, em evento sobre inteligência artificial.

Investimentos Agressivos em IA e Impacto no Mercado

Empresas de tecnologia estão aproveitando a queda nos Custos de empréstimo, impulsionada pela redução das taxas de juros pelo Federal Reserve e pela busca dos investidores por rendimentos ainda elevados. A Meta, por exemplo, tem integrado serviços de inteligência artificial em seus produtos principais, como Facebook e Instagram. A empresa projetou que suas despesas de capital podem atingir até US$ 72 bilhões este ano, com um crescimento consideravelmente maior em 2026.

A decisão da Meta de captar recursos significativos para IA reflete uma estratégia de mercado mais ampla. Outras grandes operações no setor incluem a oferta de títulos de alta qualidade da Oracle Corp. no valor de US$ 18 bilhões no mês passado. Paralelamente, bancos preparam uma oferta de dívida de US$ 38 bilhões para financiar data centers ligados à Oracle, uma transação que pode se tornar a maior do tipo para IA no mercado. Uma venda privada de US$ 27 bilhões no início deste mês é destinada a um projeto da Meta na Louisiana.

“Os spreads estão historicamente apertados, então não é um momento ruim do ponto de vista deles para tomar empréstimos”, avaliou Scott Kimball, diretor de investimentos da Loop Capital Asset Management. “Os investidores precisam olhar além das grandes quantidades de caixa e das altas reservas de capital próprio e se concentrar naqueles que se mostrarão mais bem-sucedidos.”

Detalhes da Emissão e Competitividade

A emissão de títulos da Meta nos EUA está prevista para ser dividida em seis partes, com prazos que variam de cinco a 40 anos. A parcela de US$ 4,5 bilhões com vencimento em 40 anos deve render aproximadamente 1,1 ponto percentual a mais do que os títulos do Tesouro de referência, uma estimativa inicial inferior aos cerca de 1,4 ponto percentual previstos. A empresa já havia emitido títulos corporativos não garantidos nos EUA em agosto de 2024, com parte dessa oferta figurando entre os títulos mais negociados no mercado americano.

A Meta compete diretamente com gigantes como Alphabet Inc. e Microsoft Corp., que também estão direcionando vultosos investimentos para pesquisa em IA. A inteligência artificial tem o potencial de aumentar a produtividade em diversas áreas, mas também levanta preocupações sobre o futuro do emprego no setor corporativo.

Tanto Zuckerberg quanto a diretora financeira da Meta, Susan Li, dedicaram atenção significativa na teleconferência de resultados para demonstrar que os investimentos em IA da empresa já estão gerando frutos e prometem benefícios futuros, especialmente na otimização de anúncios e direcionamento de conteúdo. A receita da Meta aumentou 26% no terceiro trimestre, para US$ 51,2 bilhões, evidenciando a força contínua de seu principal negócio de publicidade, que responde por cerca de 98% dessa receita.

“Queremos garantir que não estamos investindo menos do que o necessário”, afirmou Zuckerberg durante a teleconferência. Ele acrescentou que, mesmo com capacidade computacional em excesso, essa reserva poderia ser utilizada para aprimorar o negócio principal ou, eventualmente, ser vendida, replicando estratégias de concorrentes como Microsoft e Google. “Acho que é a estratégia certa priorizar agressivamente a construção de capacidade”, concluiu.

A emissão de títulos da Meta está sendo coordenada por Citigroup Inc. e Morgan Stanley, que se recusaram a comentar. A Meta também não respondeu aos pedidos de comentários.

Para mais informações sobre o mercado financeiro e empresas de tecnologia, acompanhe as análises em aeconomia.news.

Fonte: Valor Econômico

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