Mercado de Trabalho: Criação de Vagas desacelera em 2024, aponta Caged

Caged revela criação de 213 mil vagas em setembro, mas acumula ano com leve desaceleração. Economistas analisam resiliência e projeções para o mercado de trabalho.
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Carteira de trabalho digital.

Os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam a criação de 213 mil novas vagas de emprego em setembro, superando as expectativas do Mercado, que projetavam 170 mil. Contudo, uma análise mais aprofundada do acumulado no ano indica uma leve desaceleração na geração de postos de trabalho em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Entre janeiro e setembro de 2024, o país registrou a abertura de 1,7 milhão de novas vagas. Esse número é inferior ao 1,9 milhão de postos criados no mesmo intervalo em 2024, evidenciando uma tendência de esfriamento gradual da economia, segundo economistas.

Desaceleração Suave da Economia

Rodolfo Margato, economista da XP, ressalta que, embora o resultado mensal de setembro tenha sido positivo, a comparação do indicador em prazos mais longos – de janeiro a setembro de 2024 contra o ano anterior – mostra um ligeiro declínio. Essa variação reforça o quadro de uma desaceleração econômica, que se configura como gradual e suave.

Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), destaca a resiliência do mercado de trabalho, que se mantém mais forte do que o esperado. “Estamos declinando devagar, é uma desaceleração suave, mas nada para gerar pânico. A economia continua resiliente, o que é impressionante depois de tanto tempo com juros restritivos”, avalia.

André Valério, economista sênior do Inter, também percebe uma tendência de acomodação no indicador. “A tendência é de acomodação no mercado de trabalho, com o saldo acumulado em 12 meses atingindo o menor valor do ano, 13% abaixo do observado em setembro do ano passado”, pontua.

A XP projeta que a criação líquida de postos formais em 2025 será de 1,34 milhão, após os 1,68 milhão estimados para 2024. Para 2026, a previsão é de uma adição líquida de 950 mil empregos formais.

Salários Apresentam Aumento Nominal

Margato observa que o salário médio nominal, sem o ajuste pela inflação, apresentou um aumento de 5,9% em setembro em relação ao mesmo mês do ano anterior. O salário nominal de desligamento, registrado quando um trabalhador deixa uma empresa, registrou um avanço de 7% na comparação anual, superando o ritmo dos meses anteriores.

Em termos reais, ou seja, ajustados pela inflação, o salário médio de admissão teve uma pequena retração de 0,1%, enquanto o de desligamento subiu 0,3%.

Pedidos de Demissão Mantêm-se Elevados

O economista da XP também aponta que o número de desligamentos por iniciativa do próprio empregado permanece em patamares elevados. Este cenário reforça a percepção de um mercado de trabalho aquecido, oferecendo boas oportunidades para os profissionais.

A XP prevê que a taxa de desemprego feche 2025 em 6% e 2026 em 6,3%, com ajuste sazonal. Essa projeção sugere a manutenção de “um mercado de trabalho apertado”, segundo Margato.

Projeções para a Atividade Econômica

Segundo Margato, a XP estima uma leve desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) no fim do ano, em comparação com os dois primeiros trimestres. Apesar disso, o cenário para o PIB e outras métricas econômicas importantes permanece positivo.

A XP projeta um crescimento do PIB de 0,2% no terceiro e quarto trimestres, após uma média de 0,8% observada no primeiro e segundo trimestres do ano. Conclui-se que, apesar de um aquecimento menos intenso, o mercado de trabalho continua robusto, com impactos potencialmente menores para o controle da inflação, como avalia Barbosa, do FGV/Ibre.

Fonte: InfoMoney

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