Crise de Crédito no Brasil: Títulos Corporativos em Queda e Temores Globais

Preocupações com crédito abalam mercado de títulos corporativos no Brasil, com Ambipar, Braskem e Raízen em foco. Crise ecoa tensões globais e eleva custo de captação.
mercado de títulos corporativos Brasil — foto ilustrativa mercado de títulos corporativos Brasil — foto ilustrativa

O mercado de títulos corporativos do Brasil tem sido abalado por preocupações com crédito, elevando o custo de captação em dólar e gerando comparações com as tensões recentes nos EUA. Uma série de colapsos de emissões de grandes empresas brasileiras intensificou o receio global, após falências notórias como a do grupo de autopeças First Brands nos Estados Unidos.

Empresas como a gestora de resíduos Ambipar, a petroquímica Braskem e a produtora de biocombustíveis Raízen viram seus títulos despencarem de preço no último mês. Embora investidores apontem problemas específicos de cada companhia, a velocidade das vendas reflete a apreensão crescente nos mercados de crédito internacionais.

Contexto Global e Reflexos no Brasil

O cenário nos EUA, com falências de financiadoras de automóveis e outras empresas, trouxe à tona a possibilidade de “acidentes” no mercado de crédito. No entanto, analistas como Jeff Grills, da Aegon Asset Management, ressaltam que as situações no Brasil parecem ser idiossincráticas, a menos que uma desaceleração econômica global se concretize.

Os títulos da Ambipar, por exemplo, caíram drasticamente, levando a empresa a buscar proteção contra credores e, posteriormente, a entrar com pedido de falência no Brasil e nos Estados Unidos. Situação semelhante afetou os títulos da Braskem e, mais recentemente, da Raízen.

Gráfico ilustrando a volatilidade do mercado financeiro brasileiro.
Análise aponta para volatilidade no mercado de títulos corporativos brasileiros.

Desempenho do Mercado de Dívida Emergente

Empresas de países em desenvolvimento, em geral, têm se beneficiado do forte desempenho dos ativos de mercados emergentes. No entanto, o segmento brasileiro desse índice de dívida corporativa em dólar expandiu seu spread, indicando um prêmio maior exigido pelos investidores para deter tais títulos, contrastando com a Confiança anterior na resistência das empresas brasileiras aos juros altos.

A menor liquidez no Mercado brasileiro, comparada aos EUA, pode intensificar a reação de investidores. A estratégia de “atirar primeiro e perguntar depois” se torna mais comum em ambientes de negociação menos fluidos.

Análise Específica das Empresas Afetadas

A queda da Ambipar foi particularmente notável, considerando sua expansão global e listagem nos EUA. Suas ações sofreram uma desvalorização acentuada, levantando questionamentos sobre sua estrutura de capital e a aplicação de seus recursos em fundos ligados à empresa e ao Banco Master.

Sede da Braskem, gigante petroquímica brasileira em foco no mercado financeiro.
A Braskem enfrenta desafios como excesso de oferta global e questões ambientais.

A Braskem, por sua vez, enfrenta um excesso global de oferta no setor petroquímico e questões ambientais ligadas à mineração de sal subterrânea. A incerteza sobre seu controle acionário, com a venda da participação da Novonor (antiga Odebrecht) em andamento há anos, adiciona complexidade à gestão de sua dívida.

A Raízen, joint venture entre Shell e Cosan, lida com dificuldades financeiras após uma expansão custosa e busca reduzir seu endividamento através da venda de ativos. A empresa reiterou ao mercado que não planeja reestruturar sua dívida.

Insegurança Jurídica e Reação do Mercado

Especialistas como Vladimir Timerman, da Esh Capital, apontam a insegurança jurídica no país como um fator que contribui para a reação acentuada dos investidores. A decisão da Ambipar de buscar proteção contra credores pode gerar apreensão generalizada, com Críticas à atuação do órgão regulador em prevenir a crise.

Gráfico de análise de mercado financeiro com dados em alta e baixa.
A volatilidade recente levanta debates sobre a regulamentação e a confiança no mercado.

A falta de definição sobre o controle da Braskem, os problemas ambientais e o excesso de oferta global de petroquímicos impactaram fortemente seus títulos. No caso da Raízen, a necessidade de desinvestimentos e a gestão do endividamento continuam no radar dos investidores.

Fonte: Folha de S.Paulo

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