Rio: Megaoperação Policial Gera Crise Política e Antecipa Disputa Eleitoral

Megaoperação policial no Rio causa 64 mortes e acirra embate político. Governo federal e estadual trocam acusações, enquanto disputa eleitoral de 2026 e PEC da Segurança Pública entram em foco.
Megaoperação Policial Rio — foto ilustrativa Megaoperação Policial Rio — foto ilustrativa

A megaoperação deflagrada pelo governo Fluminense contra o Comando Vermelho (CV) resultou em um cenário de guerra no Rio de Janeiro, com 64 mortes, e gerou um forte tremor político com reflexos em Brasília. A ação, que também envolveu a morte de quatro agentes de segurança, é a mais letal da história do estado e aconteceu enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em viagem internacional.

Conflito Político e Acusações ao Governo Federal

A operação, que mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares, visava frear o avanço de uma das principais facções criminosas do Rio. As autoridades estaduais relataram a prisão de 81 suspeitos. No entanto, o governo do Rio de Janeiro, liderado pelo governador Cláudio Castro (PL), utilizou o episódio para criticar o governo federal. O secretário de Segurança Pública do Rio, Victor santos, afirmou que o estado não tem condições de enfrentar o crime organizado sozinho e que o pedido de ajuda federal para operações anteriores contra o CV foi negado.

Em Entrevista, Castro declarou sentir-se “sozinho” na luta contra o crime, alegando que o governo Lula tem negado auxílio. O Ministério da Justiça e Segurança Pública respondeu que nunca negou socorro ao Rio. O ministro Ricardo Lewandowski, por sua vez, ressaltou que a responsabilidade pela segurança pública nos estados é constitucionalmente dos governadores e que o combate à criminalidade exige planejamento e inteligência.

Antecipação da Campanha Eleitoral de 2026

A crise desencadeada pela operação policial também serviu como palco para antecipar as discussões eleitorais de 2026. Senadores e deputados já se posicionaram sobre o caso. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), manifestou preocupação e apoio às forças de segurança. Por outro lado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) divulgou um vídeo criticando o governo federal e reforçando o apoio a Castro, associando a Falta de apoio à postura de Lula em relação ao combate ao crime. A base governista reagiu, acusando Castro de tentar antecipar a eleição de 2026 e flertar com a extrema direita.

PEC da Segurança Pública Ganha Novo Fôlego

O cenário de violência extrema no Rio de Janeiro trouxe de volta ao centro do debate a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, uma iniciativa do governo Lula para articular ações de combate à criminalidade entre as forças federais e estaduais. A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) usou as redes sociais para defender a urgência da aprovação da PEC, destacando a necessidade de articulação entre os governos estaduais para combater o crime organizado.

Especialistas, como Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, apontam que megaoperações como a do Rio, apesar do alto número de mortes e apreensões, não desestruturam a cadeia produtiva do crime organizado a longo prazo. Ela critica a falta de investimento em delegacias especializadas e a ausência de um planejamento mais eficaz, sugerindo que a operação pode ter sido um fracasso em termos de estratégia.

Fonte: Estadão

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