O setor siderúrgico brasileiro enfrenta um cenário desafiador com altas importações impactando a lucratividade. Ações de empresas como Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) acumulam quedas no ano, enquanto o Ibovespa registra alta. Esforços anteriores com tarifas e cotas mostraram-se ineficazes, mas a Renovação das medidas antidumping sobre chapas grossas indica uma prevalência de análises técnicas, aumentando a probabilidade de novas ações sobre produtos siderúrgicos mais relevantes, segundo o Bradesco BBI.
Medidas antidumping são tarifas aplicadas a produtos importados vendidos a preços artificialmente baixos para proteger a indústria nacional. Potenciais novas medidas podem redefinir a dinâmica do setor, com o Morgan Stanley avaliando que a Usiminas seria a principal beneficiada, já que aproximadamente 75% de seu portfólio está exposto aos produtos sob investigação. A CSN aparece em seguida, com 60% de exposição, mas o negócio de minério de ferro pode atenuar o impacto. A Gerdau, por sua vez, seria a menos favorecida, com apenas 7% de exposição.
O Bradesco BBI também aponta a Usiminas como a principal beneficiária de uma eventual mudança nas regras de antidumping.
Importações Elevadas Pressionam o Setor Siderúrgico
A ausência de medidas protetivas eficazes transformou o Brasil em um alvo fácil para exportadores globais de aço. Até setembro, as importações totais alcançaram 5,1 milhões de toneladas, um aumento de 9% em relação ao ano anterior, representando 28% do consumo aparente nacional. As importações chinesas, em particular, cresceram 25% anualmente, somando 3,1 milhões de toneladas e representando 61% do total importado, superando os 56% do ano anterior.
Potenciais Medidas Antidumping Podem Aliviar o Setor
Nos últimos 20 meses, o Brasil iniciou 15 investigações antidumping, cobrindo cerca de 57% das importações totais de aço e 14% da demanda doméstica. As decisões mais impactantes são esperadas para as seguintes datas:
- 18 de novembro de 2025: Produtos laminados a frio (CRC), representando 7% das importações, com exposição de 23% para a Usiminas e 9% para a CSN.
- 12 de janeiro de 2026: Laminados revestidos (HDG), cerca de 19% das importações, com exposição de 21% para a Usiminas e 17% para a CSN.
- 19 de março de 2026: Aço pré-pintado, respondendo por 4,5% das importações, com 4% de exposição da CSN.
- 3 de dezembro de 2026: Produtos laminados a quente (HRC), aproximadamente 11% das importações, com 31% de exposição da Usiminas e CSN, e 7% da Gerdau.
Para o Morgan Stanley, as tarifas antidumping precisam ser suficientemente altas para gerar um impacto positivo significativo. Estimativas baseadas nos preços de referência atuais sugerem a necessidade de tarifas entre US$ 83 por tonelada (HRC) e US$ 141 por tonelada (CRC) para equiparar os preços domésticos aos importados.
O Morgan Stanley também alerta que, historicamente, importadores conseguiram contornar medidas antidumping mediante pequenas alterações nos produtos, enquadrando-os em categorias não afetadas.
Recomendação Neutra para Usiminas, Mas com Potencial de Alta
O Morgan Stanley mantém uma recomendação equal-weight para a Usiminas e underweight para a CSN. A análise indica que a persistência de altas importações e uma dinâmica setorial desafiadora continuam limitando a rentabilidade das operações de aço de ambas as companhias. No entanto, a implementação eficaz de medidas antidumping poderia elevar os preços domésticos do aço e impulsionar volumes locais, melhorando os resultados financeiros. O banco destaca o potencial de valorização da Usiminas como assimétrico e positivo, com uma alta estimada de 21% no cenário base e 182% no cenário otimista.
Fonte: InfoMoney