O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou que pode contatar diretamente Donald Trump caso as negociações sobre tarifas entre Brasil e Estados Unidos não avancem em breve. A declaração surge em um contexto de aumento significativo nas tarifas americanas sobre produtos brasileiros, que em alguns casos ultrapassam 50%.
Lula mencionou que possui o número de Trump e não hesitará em usá-lo se uma reunião entre seus negociadores e os americanos não for agendada após o término da COP-30, prevista para ocorrer em Belém. O presidente brasileiro destacou que o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estão prontos para iniciar as discussões.
Contexto da COP-30 e Negociações Comerciais
A declaração foi feita por Lula a repórteres às vésperas da 30ª edição da conferência climática das Nações Unidas (COP), que será realizada em Belém, na Amazônia. Este evento global, focado em questões ambientais, também se torna palco para discussões sobre a política externa e comercial do Brasil.
Tensões na Venezuela e Apelo pela Paz
Em outro ponto, Lula fez um apelo para que a América Latina atue na prevenção de um conflito na Venezuela, em meio a ordens do Governo Trump para ações militares contra embarcações supostamente ligadas a cartéis de drogas. O presidente brasileiro expressou preocupação com a possibilidade de uma invasão terrestre dos EUA no país vizinho, ressaltando que a América Latina deve ser uma região de paz.
Lula afirmou que está considerando participar de uma reunião na Colômbia com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), um bloco de 33 nações, onde a ação militar dos EUA na região será pauta. Ele mencionou ter aconselhado Trump a ouvir a experiência de George W. Bush em iniciativas para pacificar a Venezuela, citando a tentativa de golpe contra Hugo Chávez em 2002.
O governo Trump tem justificado suas ações militares no Caribe como parte de uma estratégia contra cartéis de drogas, acusando-os de serem liderados pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro. Maduro, por sua vez, nega as acusações e as classifica como pretexto para intervenção americana.
Fonte: Estadão