Lula e Trump: Brasil busca reaproximação sem ameaçar soberania

Lula e Trump podem se encontrar na Malásia. O Brasil busca reaproximação com os EUA sem comprometer a soberania continental e o combate ao narcotráfico.
Lula e Trump na Malásia — foto ilustrativa Lula e Trump na Malásia — foto ilustrativa

A intensificação dos ataques americanos a embarcações venezuelanas e o endurecimento do discurso contra o presidente colombiano, Gustavo Petro, antecederam a expectativa de um encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump na Malásia. O episódio levanta questões sobre a reaproximação entre Brasil e Estados Unidos sem comprometer a soberania continental.

Desafios e Oportunidades na Relação Brasil-EUA

Empresários aguardam este potencial encontro como um ponto de partida para negociações de segundo e terceiro escalão entre os governos. A esperança é a reversão de tarifas, da aplicação da Lei Magnitsky e da cassação de vistos, diante da ameaça de intervenções armadas no continente. O principal desafio para a liderança brasileira reside em equilibrar essa aproximação com a Defesa da soberania, especialmente em um cenário onde os EUA elevam o tom contra nações vizinhas.

Brasil na Mediação de Conflitos Continentais

O Brasil, sob a liderança de Lula, tem se posicionado contra soluções militares no continente, discurso já apresentado na Assembleia Geral da ONU. A intenção é que uma distensão bilateral permita que o país seja ouvido e contribua para mitigar a turbulência gerada pelos EUA. O foco é apresentar o Brasil como um aliado na busca por saídas pacíficas, especialmente no combate ao narcotráfico e aos fluxos migratórios, que se intensificam com a instabilidade regional. Uma proposta é intensificar a colaboração entre a agência antidrogas americana e as polícias regionais, com foco em centros de cooperação como o de Manaus.

Obstáculos e Estratégias na Relação com Venezuela e Colômbia

A relação com a Venezuela apresenta dificuldades, especialmente após a postura inicial do Governo brasileiro em relação a Nicolás Maduro. Apesar de manter embaixada aberta em Caracas, o Brasil não reconheceu o resultado eleitoral fraudulento. A hostilidade de Maduro tem crescido. Com Gustavo Petro, a relação é melhor, mas seu comportamento errático dificulta articulações conjuntas. A ascensão da extrema-direita trumpista no continente representa um risco adicional, com planos de intervenção militar na Venezuela.

Perspectivas de Cooperação e Militarização

A professora de relações internacionais Mônica Hirst expressa ceticismo sobre a eficácia do plano brasileiro, citando a dificuldade de controlar vínculos de setores das polícias de fronteira amazônicas com o narcotráfico. Ela aponta que os EUA tratam o tema de forma cada vez mais militarizada, evidenciado pela recente Demissão de um almirante do Comando Sul. A militarização do tema é um contraponto à abordagem policial defendida pelo Brasil.

O Papel das Forças Armadas e a Resistência à Militarização

As Forças Armadas brasileiras têm estreitado laços com as americanas desde 2019, especialmente após o Brasil ser classificado como aliado preferencial extra-OTAN. No entanto, o governo brasileiro resiste à militarização do combate ao narcotráfico, preferindo a atuação policial. Um exemplo é a participação do país na ofensiva multinacional aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, onde a capacitação de forças especiais haitianas é conduzida pela Polícia Federal, e o Brasil decidiu não enviar tropas. Essa postura visa evitar a repetição de missões passadas e o plantio de sementes de instabilidade política.

Fonte: Valor Econômico

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