Lula e Trump: Encontro na Malásia pode redefinir relações Brasil-EUA

Encontro entre Lula e Trump na Malásia neste domingo pode redefinir relações Brasil-EUA. Líderes discutirão tarifas e sanções.
Encontro Lula e Trump — foto ilustrativa Encontro Lula e Trump — foto ilustrativa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem se encontrar presencialmente neste domingo (26) na Malásia. Ambos os líderes estão no país para participar de encontros com lideranças da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).

Este será o primeiro encontro oficial entre Lula e Trump desde o início da crise provocada pelo tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, e também desde que Trump assumiu a presidência americana. A reunião ainda não foi confirmada oficialmente pelos governos de Brasil e EUA, mas há expectativa de que sirva para reorganizar a relação bilateral, abalada desde o anúncio do tarifaço americano sobre produtos brasileiros.

Aproximação Recente e Solicitações de Lula

Os dois líderes vêm se aproximando desde setembro. Durante a Assembleia das Nações Unidas, Lula e Trump afirmaram ter tido uma “boa química”. Além disso, no início deste mês, os dois conversaram por cerca de 30 minutos em uma ligação intermediada pelas diplomacias dos dois países. Durante essa conversa, Lula solicitou a Trump a revogação das sanções contra autoridades brasileiras e pediu a retirada de uma sobretaxa de 40% para entrada de produtos brasileiros nos EUA, em vigor desde agosto. A expectativa é que os dois assuntos sejam abordados por Lula no encontro deste domingo.

Em Coletiva de Imprensa nesta sexta (24) na Indonésia, o presidente brasileiro confirmou que levará os temas para discussão e que será uma reunião livre e sem vetos de assunto. Além disso, auxiliares de Lula não descartam que o presidente brasileiro aproveite a ocasião para falar também sobre as investidas de Trump contra Venezuela e Colômbia. O petista já deixou claro que é contra qualquer tipo de tentativa de intervenção em países da América do Sul, como tem sinalizado o presidente dos Estados Unidos.

Lula em coletiva de imprensa durante viagem à Ásia.
Lula em coletiva de imprensa durante viagem à Ásia — Foto: Ricardo Stuckert / PR

Temas Críticos: Tarifaço e Sanções a Ministros

Um dos temas centrais que deve ser abordado na reunião é o tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump a produtos brasileiros — culminando em uma sobretaxa de 50%. Ao justificar as taxas, o mandatário norte-americano citou questões econômicas, como um suposto Déficit com o Brasil – inexistente de acordo com números oficiais. Mas também apontou questões políticas relacionadas com o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e “direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”, entre outros.

Além das tarifas, os Estados Unidos também sancionaram ministros da Suprema Corte brasileira. Em julho, o secretário de Estado do Governo Trump, Marco Rubio, informou que foram revogados os vistos americanos do ministro do STF Alexandre de Moraes e de outros sete ministros. Além disso, sancionou o ministro Moraes com a lei Magnitsky, utilizada para punir estrangeiros. A Lei Magnitsky permite que os Estados Unidos imponham sanções a cidadãos estrangeiros, com o objetivo de punir pessoas acusadas de violações graves de direitos humanos ou de corrupção em larga escala. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, mencionou diretamente uma suposta “caça às bruxas” tendo o ex-presidente Jair Bolsonaro como alvo por parte do ministro.

Contexto Histórico e Relação Delicada

A avaliação no Palácio do Planalto é que um encontro presencial entre os dois líderes, neste momento, leva as discussões para “um outro patamar” e é um passo importante para “reorganizar a relação entre Trump e Lula e a pauta entre os dois países”, após meses de tensão. O Planalto entende que a relação está destravada, principalmente após a reunião “muito positiva” entre o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o chanceler brasileiro, Mauro Vieira.

Lula e Trump nunca tiveram uma relação próxima. Durante as eleições presidenciais americanas de 2024, Lula afirmou que uma vitória da então candidata Kamala Harris representava um caminho mais “seguro para fortalecer a democracia”. Na época, o presidente brasileiro disse: “Com Kamala Harris é muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia. Nós vimos o que foi o presidente Trump […], aquele ataque ao Capitólio. Uma coisa que era impensável acontecer nos EUA, porque se apresentavam ao mundo como modelo de democracia. E esse modelo ruiu”. Após Trump tomar posse, o presidente brasileiro chegou a afirmar que, no momento, não tinha interesse em falar com o presidente americano. A relação entre os dois esfriou mais ainda quando Trump anunciou tarifas de 10% em produtos de uma lista de países, incluindo o Brasil, em abril deste ano. Na ocasião, Lula disse que o Brasil não abriria mão de sua soberania.

Fonte: G1

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