Lula propõe fundo com lucros do petróleo para transição energética

Lula propõe fundo com lucros do petróleo para transição energética e defende etanol como matriz limpa no Brasil, em discurso na Cúpula de Líderes.
lucro de petróleo para transição energética — foto ilustrativa lucro de petróleo para transição energética — foto ilustrativa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o redirecionamento de parte dos lucros da exploração de petróleo para financiar a transição energética, sugerindo a criação de um fundo específico para este fim. Lula participou da abertura do segundo dia da Cúpula de Líderes em Belém, onde ressaltou a importância de expandir as fontes de energia renovável, destacando o etanol como um exemplo promissor.

“Direcionar parte dos lucros com exploração de petróleo para transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento”, declarou o presidente em um evento preparatório para a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-30), que ocorrerá em Belém. “O Brasil estabelecerá um Fundo dessa natureza para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover Justiça climática.”

Presidente Lula discursando sobre transição energética e etanol.
Lula defende direcionar lucros do petróleo para financiar a transição energética.

Transição Energética: Abordagem Gradual e Críticas Ambientais

O governo brasileiro tem defendido a ideia de que os recursos provenientes do petróleo são essenciais para a transição energética, uma perspectiva que tem sido alvo de Críticas por parte de organizações civis. Durante seu discurso, Lula ponderou que essa transição deve ocorrer de maneira gradual. “Já sabemos que não é preciso desligar as máquinas ou motores, nem fechar fábricas ao redor do mundo de um dia para o outro. A ciência e a tecnologia nos permite evoluir de forma segura para um modelo centrado nas energias limpas. Essa transformação já está em curso”, afirmou.

Ambientalistas expressam preocupação com a permissão para a exploração de petróleo na Margem Equatorial, citando os riscos de vazamentos no oceano e o aumento das emissões de gases de efeito estufa. Por outro lado, o Governo sustenta que a atividade possui segurança técnica e é crucial para o combate às desigualdades na região.

Etanol como Matriz Limpa e o Papel do Brasil

Lula também enfatizou o uso do etanol como uma fonte de energia “limpa”. “Nossa gasolina tem 30% de etanol em sua composição. Nosso diesel, conta com 15% de biodiesel. O etanol é uma alternativa eficaz e imediatamente disponível para adoção dos setores mais desafiadores, como indústria e transporte. É lamentável que pressões e ameaças tenham levado a adiar esse passo.”

O Brasil se destaca como uma potência global na produção de biocombustíveis, embora estes sejam vistos com ressalvas, especialmente na Europa. O governo Lula pretende reforçar, durante a COP-30, a necessidade de aumentar a produção de etanol para garantir a redução das emissões, uma pauta defendida pelo agronegócio brasileiro. Na Europa, contudo, a produção de matéria-prima para biocombustíveis é vista como uma concorrente de terras que poderiam ser usadas para a produção de alimentos.

Financiamento e Metas Globais para Energia Limpa

O presidente argumentou que a transição para longe dos combustíveis fósseis requer financiamento substancial. Ele sugeriu que a troca de dívidas de países em desenvolvimento pode ser um mecanismo eficaz para liberar recursos destinados à transição verde. “Um processo justo, ordenado, equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis demanda Acesso de tecnologia de financiamento para os países do Sul Global. Há espaço para explorar mecanismos inovadores, de troca de dívida por financiamento de iniciativa de mitigação climática e transição energética”, disse.

Lula também estabeleceu a meta de triplicar a geração de energia renovável e dobrar a eficiência energética globalmente até 2030. Ele destacou a importância de erradicar a pobreza energética e incorporar metas de Acesso universal à eletricidade nos planos climáticos nacionais.

Apesar de defender a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, Lula criticou o fato de os 65 maiores bancos do mundo terem concedido US$ 869 bilhões ao setor de óleo e gás. Ele apontou que, desde o Acordo de Paris, a participação de combustíveis fósseis na matriz energética global caiu apenas de 83% para 80%, indicando que “os incentivos financeiros muitas vezes vão no sentido contrário ao da sustentabilidade”.

Fonte: InfoMoney

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