O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou nesta quinta-feira (16) a Defesa pela cassação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem chamou de “traidor da pátria”. Em sua fala durante o 16º Congresso do PCdoB em Brasília, Lula direcionou o pedido ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que havia sido vaiado no Rio de Janeiro no dia anterior. “O companheiro Arthur Lira precisa cassar o Eduardo Bolsonaro”, declarou o presidente.
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A artilharia de Lula contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro decorre da percepção do Palácio do Planalto de que o parlamentar é um dos principais articuladores das sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Segundo o governo, Eduardo Bolsonaro tem utilizado sua proximidade com a gestão de Donald Trump para pressionar a Casa Branca a adotar retaliações contra autoridades e instituições brasileiras. Essas sanções estariam ligadas à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de condenar Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Eduardo Bolsonaro teria deixado seu mandato em segundo plano e se mudado para os Estados Unidos no primeiro semestre deste ano, focando em pressionar o governo americano.
Defesa da Venezuela e Críticas a Trump
Em seu discurso, Lula também defendeu veementemente a Venezuela, rejeitando a retórica da direita que associa seu governo ao regime de Nicolás Maduro. “Todo mundo diz que a gente vai transformar o Brasil na Venezuela. E o Brasil nunca vai ser a Venezuela e a Venezuela nunca vai ser o Brasil. Cada um será ele. O que nós defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite de como vai ser a Venezuela ou vai ser Cuba”, afirmou.
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O evento foi marcado por fortes Críticas ao presidente norte-americano Donald Trump, mesmo sem menção direta por parte de Lula. O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva, acusou Trump de ameaçar a América do Sul e a Venezuela, qualificando a situação como “inaceitável”. Silva alegou que Trump está praticando “execuções” contra venezuelanos no Mar do Caribe, referindo-se à recente movimentação militar dos EUA na região, justificada pelo combate ao narcotráfico.
A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana santos, também alinhada ao PCdoB, reforçou o discurso, afirmando que “Nós estamos sob ataque de um país que se julga o dono do mundo.” Essas declarações ocorrem no mesmo dia em que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Washington, para iniciar negociações sobre tarifas e sanções contra autoridades brasileiras.
Impacto das Sanções e Cenário Político
A pressão de Eduardo Bolsonaro sobre os EUA para impor sanções ao Brasil tem gerado preocupação no Governo. A alegação de “traidor da pátria” por parte de Lula evidencia a gravidade com que o Palácio do Planalto enxerga as ações do deputado. A mudança de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos e sua atuação junto ao governo americano sinalizam uma estratégia de longo prazo para influenciar a política externa brasileira.
A defesa da soberania da Venezuela e a crítica à interferência externa, especialmente por parte dos Estados Unidos, reforçam a posição diplomática do governo brasileiro. A tensão entre Brasil e EUA, acentuada pelas ações de Eduardo Bolsonaro e pela postura de Trump, pode ter implicações significativas para as relações bilaterais e para a estabilidade regional.
O cenário político interno também se reflete nas declarações. A cobrança de Lula a Arthur Lira sobre a cassação de Eduardo Bolsonaro expõe as tensões entre os poderes e a busca por respostas a ações consideradas prejudiciais ao país. A participação de líderes de partidos aliados, como o PCdoB e o PT, demonstra a articulação política em torno dessas pautas.
Fonte: Valor Econômico