Lula Doutor na Malásia: ‘COP 30 será a COP da verdade’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na madrugada de sábado (25), o título de Doutor Honoris Causa em Desenvolvimento Internacional e Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia (UKM), em Kuala Lumpur. A cerimônia, presidida pelo Sultão de Negeri Sembilan e reitor da universidade, Tuanku Muhriz, foi marcada por um discurso onde Lula defendeu a importância da cooperação entre nações do Sul Global e criticou o protecionismo econômico.

Em seu discurso, Lula agradeceu a homenagem e ressaltou que o título representa um reconhecimento ao povo brasileiro. “É com muita honra que recebo o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional da Malásia, com profunda emoção e sincera gratidão. Este título é, também, um merecido reconhecimento ao povo brasileiro”, declarou.

O presidente destacou a educação como motor de transformação social e mencionou os avanços em seus governos na expansão do Acesso ao ensino superior. “Tenho muito orgulho de ser o presidente que mais criou instituições de ensino técnico e superior, mesmo sem ter diploma universitário. E que abriu as portas das universidades aos filhos das classes trabalhadoras”, afirmou.

Lula ressaltou as semelhanças entre Brasil e Malásia, ambos países do Sul Global com passados coloniais e sociedades plurais, elogiando o papel do Estado como indutor do desenvolvimento e defendendo a cooperação internacional por Justiça social e prosperidade compartilhada.

O discurso também abordou temas globais, com Críticas ao protecionismo econômico, ao poder desigual no Fundo Monetário Internacional (FMI) e à inoperância do Conselho de Segurança da ONU. “É inaceitável que os países ricos tenham nove vezes mais poder de voto no FMI do que o Sul Global”, criticou.

Brasil sediará a COP-30: ‘A COP da verdade’

Ao abordar a questão ambiental, Lula mencionou que o Brasil sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30) no coração da Amazônia, defendendo uma “COP da verdade”. “Será o momento de superar a ganância extrativista e agir com base na ciência. As universidades continuarão a desempenhar papel decisivo no enfrentamento da crise climática”, declarou.

O presidente dedicou o título ao povo brasileiro e à educação como caminho para um mundo mais justo e solidário. “Recebo este título não como um ponto de chegada, mas como um estímulo a continuar lutando por um mundo mais justo, sustentável e solidário. Esse diploma não é do Lula. Esse diploma é de 215 milhões de brasileiros”, concluiu.

Em sua fala, Lula enfatizou a importância da ciência e do pensamento crítico, criticando a miséria e a guerra. “A juventude está indignada com o fato de que 673 milhões de seres humanos ainda dormem com fome todos os dias”, disse, e mencionou a necessidade de paz como um valor precioso da humanidade.

Ele reforçou o papel do Brasil no fortalecimento do diálogo e cooperação entre os países do Sul Global, destacando o BRICS como ator fundamental na busca por um mundo multipolar. “Rejeitamos a lógica da guerra como continuidade da política”, afirmou.

Críticas à arquitetura financeira internacional

O presidente criticou a arquitetura financeira internacional, que considera assimétrica para o Sul Global, e defendeu que recursos sejam direcionados para o desenvolvimento sustentável. “É hora de interromper os mecanismos que sustentam, há séculos, o financiamento do mundo desenvolvido às custas das economias emergentes e em desenvolvimento”, pontuou.

Lula citou dados sobre o aumento da riqueza de bilionários e os riscos das mudanças climáticas, enfatizando a urgência de agir com base na ciência. “Tudo indica que, mesmo que as atuais NDCs sejam cumpridas, o planeta ultrapassará o limite de 1.5 grau de aumento da temperatura do planeta”, alertou.

Ao finalizar, o presidente reafirmou sua fé na educação e na cooperação entre Malásia e Brasil para fortalecer os laços e inspirar novas gerações. “Esse diploma não é do Lula. Esse diploma é de 215 milhões de brasileiros”, reiterou.

Fonte: G1