O presidente Lula se pronunciou publicamente sobre a grande operação policial no Rio de Janeiro, que resultou na morte de cerca de 120 indivíduos. Em sua declaração, ele classificou a ação como uma “matança” e “desastrada”.
No entanto, essa mesma operação obteve ampla aprovação popular no Brasil, ultrapassando 90% de apoio nas áreas mais afetadas pelo tráfico na capital Fluminense. Um reflexo dessa aprovação foi visto no último domingo, quando o governador Cláudio Castro foi aplaudido calorosamente durante uma missa matinal.
O Impacto Eleitoral da Declaração de Lula
Se os criminosos conseguirem se restabelecer e retomar o controle das áreas conflagradas no Rio de Janeiro, a crítica de Lula pode se mostrar acertada em termos de eficácia. Contudo, a percepção pública imediata e o custo eleitoral dessa declaração são preocupações imediatas.
A visão de Lula sobre a criminalidade se alinha com a perspectiva ideológica da esquerda, que frequentemente aponta para fatores sistêmicos, como a desigualdade social, a ação policial truculenta e a Falta de oportunidades, como causas da criminalidade, em vez de focar unicamente na perversidade intrínseca do indivíduo.
Catarse Popular e Reação ao Crime
A forte aprovação às ações policiais violentas no Rio de Janeiro pode ser interpretada não apenas pela sua racionalidade, mas pelo componente de catarse. Essa ação policial teria liberado emoções reprimidas pela população diante da fúria e da ameaça diária que sentem.
A declaração de Lula, criticando uma operação policial com alta aprovação popular, pode expô-lo a questionamentos de adversários, que possivelmente o rotularão como “protetor de bandidos”, um cenário desafiador para suas ambições eleitorais.
O Absurdo do Domínio do Tráfico
A ocupação de territórios, a extorsão de moradores de comunidades pobres, a imposição de toques de recolher e a lei do silêncio por criminosos representam um regime totalitário dentro de muitas comunidades. Essa situação, muitas vezes aceita passivamente por setores da sociedade, gera um sentimento de revolta.
A reação de aplaudir a operação, embora eticamente questionável sob preceitos abstratos, pode ser compreensível no contexto da realidade vivida. É uma resposta humana ao desespero e à percepção de que o Estado, finalmente, agiu contra aqueles que consideram bandidos.
análise de Especialistas
Economistas e analistas políticos apontam que a fala do presidente Lula pode ser um erro estratégico. A aprovação das operações de combate ao crime, especialmente em estados como o Rio de Janeiro, costuma ser alta entre a população, que anseia por segurança. Tentar dissociar a imagem do governo de ações enérgicas contra o crime organizado pode alienar eleitores que priorizam a ordem pública.
Por outro lado, defensores de uma abordagem mais humanitária e focada nas causas sociais da criminalidade, como a defendida por Lula, argumentam que a repressão pura e simples não resolve o problema a longo prazo. No entanto, a comunicação dessa visão, especialmente em momentos de alta comoção social, é um desafio complexo.
Fonte: Estadão