O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou nesta sexta-feira (10) insatisfação com a cobertura jornalística a respeito do déficit fiscal no Brasil. Segundo o petista, existe uma “indústria de criar desconfiança no povo”, em contraste com a escassez de notícias sobre desenvolvimento e crescimento econômico.
A declaração ocorreu durante o lançamento de um novo modelo de crédito imobiliário em São Paulo. Lula criticou a predominância de notícias negativas sobre as finanças públicas, afirmando que “há uma indústria de jogar desconfiança na sociedade brasileira”.
Críticas a governos anteriores e políticas fiscais
Lula também direcionou Críticas a governos passados, rejeitando questionamentos sobre as atuais políticas fiscais. Ele ressaltou que a gestão econômica exige cautela e austeridade para prevenir problemas futuros, comparando avanços com retrocessos inesperados. “Vocês têm noção do que aconteceu neste País nos últimos seis anos, da sanha de destruição que esse País sofreu”, disse, em referência a gestões anteriores.
Novo modelo de crédito imobiliário
O evento marcou o lançamento de um novo modelo de crédito imobiliário pelo governo federal, que visa substituir a dependência da poupança como fonte de financiamento por um sistema mais flexível e sustentável. A proposta permite que os bancos utilizem recursos da poupança em montante igual ao emprestado no crédito habitacional, com possibilidade de Renovação por até cinco anos.
Atualmente, 65% dos recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) são obrigatoriamente direcionados ao crédito imobiliário. O novo modelo prevê a liberação de cinco pontos percentuais do compulsório do Banco Central para as instituições aderentes, com um impacto estimado entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões no crédito imobiliário. Desses recursos, 80% devem ser destinados ao Sistema de Financiamento Habitacional (SFH) com juros de até 12% ao ano, e os 20% restantes ao Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), a taxas de Mercado.
A implementação será gradual até o fim de 2026, com o pleno funcionamento previsto para 2027, atendendo a um pedido do setor da construção civil para evitar rupturas abruptas no sistema de crédito.
Construindo uma “sociedade de classe média”
Em seu discurso, Lula reiterou o objetivo de construir uma “sociedade de classe média” por meio de políticas de Inclusão social. Ele enfatizou a responsabilidade do Estado em zelar pelas classes mais baixas e a necessidade de promover a ascensão social dos brasileiros. “Há uma necessidade da gente continuar fazendo política de inclusão social para ver se a gente faz as pessoas subirem um degrau na escala social, para que a gente crie uma espécie de sociedade de classe média”, declarou.
O presidente também defendeu os programas sociais do governo, afirmando que 90% dos brasileiros são beneficiados. Em alusão a recentes derrotas no Congresso, Lula criticou ricos, fintechs e casas de apostas por resistirem ao pagamento de “merreca” de tributos. “Muita gente faz muitas críticas às políticas de inclusão social que nós fazemos, que é muito dinheiro para Bolsa Família e Pé-de-meia, mas acontece que somos uma sociedade em que 90% ganham menos de R$ 5 mil por mês”, pontuou.
O presidente encerrou com uma brincadeira sobre a “república de invasão de condomínio”, questionando o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) se ele vivia essa época, o que gerou risadas na plateia.
Fonte: Estadão