O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou nesta sexta-feira, 10, a relação que estabeleceu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificando-a como um vínculo que “nunca deveria ter sido truncado”. A declaração ocorreu durante o lançamento do novo modelo de crédito imobiliário, em São Paulo.
Lula ressaltou que, em sua visão, não é apropriado tratar relações entre países de forma ideológica. “Eu nunca tratei um presidente de outro país ideologicamente. Quem tem que tratar ideologicamente é o povo que elegeu ele, eu não”, afirmou o presidente.
Relembrando detalhes de uma conversa telefônica com Trump na segunda-feira, 6, Lula enfatizou a importância de evitar “discórdia e desavenças” entre Brasil e Estados Unidos, dada a relevância de ambos no cenário geopolítico mundial.
“Nós dois temos 80 anos e governamos as duas maiores democracias do ocidente. A gente não pode passar discórdia e desavença para o restante do mundo. A gente precisa passar harmonia”, declarou Lula, defendendo um tom de colaboração entre as nações.
O presidente também rebateu Críticas sobre uma suposta demora em estabelecer contato com Trump. Segundo Lula, o respeito é conquistado pela autoridade moral e caráter, não por adulações. “Ninguém respeita quem não se respeita. Se você acha que lamber botas te ajuda, você vai cair do cavalo. As pessoas respeitam quando elas percebem que você tem autoridade moral e caráter”, pontuou.
Novo Modelo de Crédito Imobiliário
No evento em São Paulo, Lula participou do lançamento de um novo modelo de crédito imobiliário pelo governo federal. A iniciativa visa solucionar o esgotamento da poupança como fonte de financiamento para o setor, propondo uma transição para um sistema mais flexível e sustentável.
O mecanismo permite que os bancos utilizem o mesmo valor de recursos da poupança emprestados no crédito habitacional para conceder novos financiamentos por até cinco anos, com possibilidade de prorrogação mediante a concessão de novos créditos.
Atualmente, 65% dos recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) são direcionados ao crédito imobiliário, com 20% reservados como compulsório ao Banco Central e 15% de uso livre. A nova proposta libera cinco pontos porcentuais do compulsório para instituições aderentes, com um impacto estimado entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões no crédito imobiliário.
Dentre os recursos liberados, 80% deverão ser destinados ao Sistema de Financiamento Habitacional (SFH), com juros máximos de 12% ao ano. Os 20% restantes serão alocados no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), operando a taxas de Mercado, incluindo os valores advindos do compulsório.
A implementação do novo modelo ocorrerá gradualmente até o fim de 2026, em fase de testes, com expectativa de pleno funcionamento em 2027. O período de transição atende a um pedido do setor da construção civil, que alertou para os riscos de mudanças abruptas no sistema de crédito.
Fonte: Estadão