Lula na COP30: “COP da Verdade” vs. Alerta ONU sobre Emissões

Enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) emite um alerta severo sobre as emissões globais de carbono, que continuam perigosamente altas e comprometem o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para sediar a 30ª Conferência das Partes (COP30) em Belém. Lula prometeu que a cúpula será uma ‘COP da Verdade’, focada em soluções práticas e na cobrança do cumprimento de acordos climáticos anteriores.

Alerta da ONU: A Caminho de um Aquecimento Extremo

Um relatório recente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) indica que, mesmo com os compromissos atuais dos países, o mundo caminha para um aquecimento de 2,3°C a 2,5°C. Essa projeção está significativamente acima da meta de 1,5°C estabelecida no Acordo de Paris. O Pnuma ressalta que superar esse limite será ‘difícil de reverter’ e exige ações mais rápidas e reduções mais drásticas nas emissões de gases de efeito estufa.

Lula Cobra Cumprimento de Acordos e Anuncia “COP da Verdade”

O presidente Lula criticou o que chamou de ‘feira de produtos ideológicos’ nas conferências climáticas e enfatizou a necessidade de implementação das decisões tomadas. Ele destacou que muitos países não têm cumprido suas obrigações, como as estabelecidas no Acordo de Paris. Lula também mencionou a importância do Licenciamento ambiental para projetos exploratórios, como o teste da Petrobras na Margem Equatorial, indicando que novas etapas seguirão se petróleo for encontrado.

Em Belém, local da COP30, o presidente declarou que o Brasil proporá a criação de um novo conselho ambiental global sob a égide da ONU, com poderes de monitoramento e fiscalização do cumprimento das promessas climáticas. A escolha de Belém para a conferência, segundo Lula, visa expor o mundo aos desafios e à realidade da Amazônia, buscando sair da zona de conforto e promover o engajamento.

Desafios Logísticos e Alternativas para Ação Climática

A realização da COP30 em Belém enfrenta desafios logísticos e de alto custo, especialmente para a participação de grupos indígenas e outros stakeholders. Enquanto a atenção se volta para a Amazônia, muitos executivos e investidores optaram por eventos paralelos em São Paulo, buscando acelerar a ação climática na ‘economia real’. Esses eventos em São Paulo focam em painéis de discussão, mercados de carbono e precificação de emissões, contando com a participação de especialistas e representantes de empresas como a Hitachi Energy.

Apesar da distância física de Belém, Andrew Johnstone, CEO da Climate Fund Managers, lamentou a ausência de alguns participantes na COP30, argumentando que isso pode afetar as colaborações e a troca de ideias que surgem do encontro de pessoas e mentes diversas.

Contudo, o progresso nas negociações climáticas é inegável. Há uma década, a trajetória de aquecimento apontava para 4°C. Atualmente, com as projeções em 2,3°C a 2,5°C, há uma melhora, embora insuficiente. Em 2024, as emissões globais de carbono registraram um aumento de 2,3%, totalizando 57,7 gigatoneladas de CO2 equivalente, segundo o Pnuma.

Fonte: InfoMoney