O Congresso Nacional sinaliza uma nova postura em relação ao presidente Lula, indicando um aperto nas Finanças públicas que poderá impactar tanto a esfera política quanto a econômica nos próximos meses.
No cenário político, a reciprocidade é uma lei natural: toda ação tende a gerar uma reação oposta.
Alguns eventos recentes haviam gerado otimismo no presidente Lula. A pressão da família Bolsonaro junto à Casa Branca para impor tarifas comerciais ao Brasil acabou surtindo o efeito contrário, fortalecendo o apoio político ao presidente, conforme indicam as pesquisas de opinião.
A suposta aproximação entre Lula e Donald Trump, que parecia abrir uma via de entendimento entre os governos, foi desmantelada pela oposição promovida pela família Bolsonaro.
Um feito político adicional para o presidente Lula foi a aprovação unânime pela Câmara dos Deputados do projeto de lei que concede isenção de Imposto de Renda para rendimentos mensais de até R$ 5 mil. Essa medida representa um alívio significativo para muitos trabalhadores.
Também se tornou evidente a Falta de articulação da extrema-direita para consolidar uma candidatura presidencial forte para as eleições de 2026, favorecendo a posição de Lula.
No entanto, na quarta-feira, a reação começou a se manifestar. A Câmara dos Deputados rejeitou a medida provisória alternativa proposta pelo Governo para o aumento do IOF, gerando um rombo fiscal de R$ 21 bilhões para o governo.
O presidente Lula, que vinha articulando pacotes de benefícios eleitorais, como a isenção de tarifas no transporte urbano, agora enfrentará maiores dificuldades para implementá-los.
O governo parece ter abandonado a busca por consenso e ensaia uma retomada do discurso divisivo, contrapondo pobres e ricos, e sugerindo a necessidade de taxar os mais abastados, especialmente o setor bancário. Contudo, o Congresso demonstra resistência em aprovar ajustes fiscais que envolvam o aumento da arrecadação.
O governo ainda não definiu se tomará medidas para reverter ou mitigar esses déficits fiscais, ou se permitirá que se agravem. O cancelamento da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à conferência do FMI sugere uma tentativa de evitar cobranças imediatas por parte dos grandes investidores.
Impacto no Cenário Econômico e Eleitoral
De qualquer forma, as disputas eleitorais tendem a se intensificar. O cenário de incertezas já era elevado devido ao impacto das tarifas comerciais, ao agravamento da situação financeira global, à perspectiva de desaceleração do PIB mundial e ao aumento das tensões geopolíticas. Agora, soma-se a esse quadro o agravamento das condições fiscais do Brasil.
Pontos Positivos na Economia Brasileira
Apesar dos desafios, nem todos os indicadores econômicos são negativos. O desemprego atinge os níveis históricos mais baixos. A recente queda nas cotações do dólar contribui para o controle da inflação. Caso o rombo fiscal não gere efeitos severos, o Banco Central poderá iniciar a redução da taxa básica de juros, a Selic, a partir de janeiro.
Fonte: Estadão