O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou a Defesa da América Latina e do Caribe como regiões livres de conflito, destacando essa prioridade para o Brasil em um cenário de crescente instabilidade continental.


Durante a cerimônia de entrega de cartas credenciais a novos embaixadores no Itamaraty, Lula criticou as intervenções estrangeiras, afirmando que elas podem gerar danos maiores do que os problemas que buscam solucionar. A declaração ocorre em meio a choques diplomáticos entre os Estados Unidos, Venezuela e Colômbia.
Críticas à Intervenção Estrangeira
Segundo o presidente, a estabilidade regional é fundamental e depende intrinsecamente do diálogo e da autonomia dos povos latino-americanos. Ele ressaltou que a América Latina se distingue por ser um continente sem conflitos étnicos ou religiosos e livre de armas de destruição em massa, o que reforça o dever dos países em cooperar pela paz.
Lula defende a reconstrução de um sistema internacional multilateral como caminho para garantir a estabilidade, capaz de reduzir tensões e ampliar a cooperação entre as nações. “O que o Brasil quer é fortalecer as relações internacionais com base no respeito, no comércio justo e na convivência pacífica. O mundo não pode ser movido por ódio, negacionismo ou ameaças à democracia e aos direitos humanos”, declarou.

Ofensiva dos EUA no Caribe
A fala de Lula vem logo após o Governo de Donald Trump intensificar sua operação militar no mar do Caribe, alegando o combate ao tráfico internacional de drogas. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusa os EUA de planejarem uma invasão para desestabilizar seu regime.
Paralelamente, Trump retomou críticas ao presidente colombiano, Gustavo Petro, rotulando-o como “traficante de drogas ilegal” e anunciando a Suspensão de repasses e subsídios norte-americanos à Colômbia, um aliado histórico dos EUA na região.

Brasil como Mediador Regional
Ao priorizar o discurso pela paz, o governo brasileiro busca reposicionar o país como um mediador político e voz de equilíbrio na América Latina. A estratégia visa evitar alinhamentos automáticos com potências globais e defender uma diplomacia focada na cooperação.
O Itamaraty acompanha atentamente a ofensiva militar norte-americana e mantém canais de diálogo abertos com Washington e Caracas na tentativa de evitar que a crise se agrave. Lula também utiliza fóruns internacionais, como a Celac, o G20 e a Assembleia-Geral da ONU, para defender a autonomia política da América Latina.
A prioridade, segundo o Planalto, é assegurar que o continente seja reconhecido como um “território de diálogo, e não de guerra”, consolidando a política externa brasileira.
Fonte: InfoMoney