Leilões Rodoviários 2025: 50% dos Vencedores Desqualificados

Leilões rodoviários de 2025: 50% dos vencedores foram desqualificados. Especialistas analisam o amadurecimento do mercado e os próximos passos.
Leilões Rodoviários — foto ilustrativa Leilões Rodoviários — foto ilustrativa

Em 2025, quase metade dos leilões federais de rodovias já enfrentou desqualificações de vencedores, levantando preocupações sobre disputas judiciais. Especialistas apontam que essa situação, apesar de indesejada, demonstra um amadurecimento do Mercado e uma redução de riscos antes do início dos projetos. No entanto, há espaço para aprimoramentos que garantam maior segurança jurídica e regulatória.

Recentemente, o Consórcio Rota Agro Brasil foi inabilitado do leilão da Rota Agro (BR-060/364/GO/MT) devido a irregularidades trabalhistas e falhas no seguro-garantia. O grupo, formado por fundos da Reag Trust e da Azevedo & Travassos, havia arrematado a disputa mais acirrada desde 2018. Com a decisão, a Way Concessões, segunda colocada, deverá assumir a gestão.

Uma situação similar ocorreu na Rota da Celulose, que abrange rodovias federais e estaduais em Mato Grosso do Sul. O consórcio da K-Infra e Galápagos foi desclassificado por não apresentar um atestado de qualificação técnica válido. O grupo contesta a decisão na Justiça, após o segundo colocado, liderado pela XP Investimentos, avançar no processo.

Em agosto, a empresa argentina Plus Byte foi impedida de participar do leilão da ponte binacional São Borja-Santo Tomé, que liga Brasil e Argentina. A comissão binacional alegou que a empresa não cumpriu os requisitos de qualificação econômico-financeira, com patrimônio líquido aquém do exigido. Com isso, a CS Infra, subsidiária da Simpar, deve assumir a concessão.

Repetição de Cenários?

A frequência dessas desqualificações lembra fases anteriores de leilões rodoviários que resultaram em concessões problemáticas. Em 2013, a terceira Rodada de certames federais viu metade das seis estradas concedidas enfrentar dificuldades, incluindo relicitações e trocas de controle, em um cenário de instabilidade econômica e política.

Luis Felipe Valerim, sócio do VLR Valerim Advogados, diferencia os momentos. Ele explica que, na década passada, os impasses ocorriam durante a execução dos contratos, enquanto agora os problemas são identificados previamente à assinatura. Isso sugere um progresso no setor nos últimos anos.

“As contestações antes da execução fazem parte do jogo e podem até ser positivas. Se o modelo passa por um teste de estresse e se mantém de pé, sai mais fortalecido”, disse Valerim. Ele adiciona que, embora os editais atuais sejam mais rigorosos para impedir participações indevidas, o principal desafio permanece na fase de execução das obras, onde a judicialização tem crescido.

Diogo Nebias, especialista em contratos de infraestrutura e sócio do Panucci, Severo e Nebias Advogados, reforça que as recentes desqualificações indicam uma atenção maior do poder público à segurança jurídica das concessões. “Apesar de, numa primeira impressão, soarem negativamente, essas decisões têm um objetivo positivo: garantir serviços adequados e evitar disputas futuras”, observou.

Ajustes e Responsabilidades nas Concessões

Dos três projetos com vencedores inabilitados neste ano, apenas a Rota Agro foi conduzida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A Rota da Celulose teve sua gestão compartilhada entre os governos federal e de Mato Grosso do Sul, enquanto a ponte binacional foi administrada por uma comissão Internacional.

A ANTT informou que está em processo de revisão das regras de habilitação para os próximos certames. O Ministério dos Transportes enfatiza que as inabilitações são resultado do cumprimento rigoroso dos editais, o que, segundo a pasta, fortalece a segurança jurídica e posiciona o Brasil como um ambiente previsível para investimentos em infraestrutura.

“As inabilitações ocorrem justamente porque os editais são cumpridos de forma estrita, assegurando que apenas empresas com plena capacidade técnica e financeira, que cumpram ao estabelecido no processo licitatório e disponham de garantias válidas, assumam compromissos de longo prazo com o País”, declarou o ministério em nota.

Fonte: Estadão

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