A juíza Caroline Fonseca, da 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, deferiu o pedido de recuperação judicial da Ambipar, empresa especializada em gestão ambiental. A decisão, comunicada nesta quinta-feira (30), suspende todas as ações e execuções movidas contra o grupo, e garante a continuidade do fornecimento de bens e serviços essenciais para a operação da companhia.
A magistrada destacou que a aprovação atende ao interesse dos investidores e à estabilidade do Mercado de capitais. Segundo a juíza, a indefinição judicial poderia gerar instabilidade e repercutir negativamente na formação de preços e na confiança dos investidores, afetando a liquidez e o valor dos papéis da empresa.
Importância da Empresa e Preservação de Empregos
Em seu despacho, a juíza ressaltou a importância da Ambipar como fonte produtora de bens e serviços, e seu papel na geração de tributos e empregos. “Consideradas a necessária preservação da empresa como fonte produtora de bens e serviços, sua relevância na geração de tributos e postos de trabalho, bem como o conjunto probatório constante dos autos, defiro o processamento da recuperação judicial do grupo Ambipar, em consolidação substancial”, afirmou.
A decisão também manteve a competência da 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro para o processamento do caso, um ponto que gerou controvérsia entre credores, que defendiam a transferência para os tribunais de São Paulo.
Narrativa da Crise e Acusações de Má Gestão
A juíza reconheceu que a instrução apresentada pela Ambipar evidenciou os fatores que levaram à crise e ao pedido de recuperação. A narrativa da companhia aponta que, após a entrada de João Arruda como diretor financeiro, contratos de swap firmados com o Bank of America (BofA) foram aditados após transferência para o Deutsche Bank. Segundo a empresa, esse aditamento introduziu um elemento especulativo, diferentemente dos ajustes anteriores que visavam apenas o hedge cambial.
A magistrada considerou a narrativa coerente com o quadro probatório, indicando que o gatilho da crise teria decorrido de má gestão, supostamente atribuída a João Arruda. Ele renunciou ao cargo em setembro e nega as acusações, afirmando que a Ambipar busca um “bode expiatório” para seus problemas financeiros.
Próximos Passos da Recuperação Judicial
Desde 25 de setembro, a empresa já estava sob proteção de uma medida cautelar contra antecipações de vencimentos de dívidas. O pedido de Recuperação Judicial revelou que as dívidas da Ambipar totalizam R$ 10,48 bilhões.
O administrador judicial terá o prazo de 45 dias para publicar o edital com a relação de todos os credores. A Ambipar, por sua vez, deverá apresentar seu plano de recuperação em 60 dias após a publicação da decisão, e os credores terão 30 dias para apresentar objeções ao plano.
Fonte: Estadão