As taxas dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto apresentaram uma queda generalizada na manhã desta quinta-feira. O Mercado reage à recente rejeição da Medida Provisória 1.303 na Câmara dos Deputados e à divulgação de um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) abaixo do esperado para setembro.

Impacto da Rejeição da MP e IPCA Brando nas Taxas
Os títulos atrelados à inflação e os prefixados registraram recuo nas taxas de negociação. O Tesouro IPCA+ 2029 viu sua parte prefixada cair de 8,05% para 7,98%, enquanto o IPCA+ 2050 recuou de 7,06% para 7,02%. Entre os prefixados, o Tesouro Prefixado 2028 passou de 13,48% para 13,37%, e o Prefixado 2032 de 13,89% para 13,79%.

Esse movimento indica um ajuste nas expectativas de inflação e no prêmio de risco. A divulgação de um IPCA mais brando do que o previsto, combinada com a percepção de que a derrota da MP 1.303 apenas adia um embate fiscal, contribui para essa tendência.
Cenário Fiscal e Alternativas do Governo
A Medida Provisória 1.303, considerada crucial pela equipe econômica para compensar a perda de arrecadação com o recuo do aumento do IOF, foi retirada de pauta na noite de quarta-feira, inviabilizando sua tramitação. O impacto fiscal estimado para o Governo é de R$ 46 bilhões até 2026.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, avalia que, diante desse cenário, o governo deverá buscar outras alternativas de arrecadação. Isso pode incluir medidas relacionadas à tributação sobre operações e eventos financeiros (AOEF) e a implementação de novos projetos de lei, como um corte linear de 10% em benefícios fiscais.
Interlocutores da Fazenda indicam que o governo estuda alternativas infralegais para recompor parte da arrecadação. Uma delas seria um novo aumento do IOF, que poderia ser implementado por decreto. O bloqueio de até R$ 10 bilhões em emendas também está sendo considerado. No entanto, o espaço de manobra é limitado, e novas tentativas de medidas arrecadatórias devem enfrentar resistências semelhantes às que derrubaram a MP 1.303.
Detalhes da Inflação e Projeções Futuras
Em relação à inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) oficial subiu 0,48% em setembro. Embora seja um aumento em relação à deflação de 0,11% registrada em agosto, o índice ficou abaixo da expectativa de 0,52%, segundo o IBGE. A surpresa desinflacionária veio principalmente dos setores de alimentos e serviços.
Esse resultado ajudou a conter as taxas de longo prazo na curva de juros, mesmo diante do ruído fiscal gerado pela derrota do governo no Congresso. Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, analisa que a mensagem trazida pelo IPCA de setembro foi estruturalmente benigna. Ele projeta que a estimativa de 4,4% para a inflação em 2025 ganha contornos mais baixistas.
Fonte: InfoMoney