A rejeição de parte do Congresso à Medida Provisória (MP) 1.303, que visa substituir o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), impulsionou uma retirada de prêmios nos mercados de renda fixa. Consequentemente, os juros futuros fecharam em queda, com o movimento se estendendo ao Mercado secundário de títulos da dívida pública.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/B/d/rBRUB5QuGfAApzzXNNEw/juros-percentual-taxas-rdne-pexels.jpg" alt=""><figcaption></figcaption></figure>)
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/B/d/rBRUB5QuGfAApzzXNNEw/juros-percentual-taxas-rdne-pexels.jpg)
Juros Futuros Devolvem Alta da Véspera
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento de janeiro de 2027 cedeu de 14,13% para 14,085%. A do DI de janeiro de 2029 teve queda de 13,46% para 13,415%, e a do DI de janeiro de 2031 recuou de 13,685% para 13,64%. Com este movimento, os juros futuros devolveram parte da forte alta registrada no dia anterior, quando as discussões em torno da MP 1.303 pressionaram as taxas.
Tensão Fiscal e Distorções no Mercado de Renda Fixa
A preocupação dos investidores residia na perspectiva de piora da política fiscal e menor demanda por títulos da dívida pública, decorrentes das alterações na tributação de aplicações financeiras propostas na MP. Havia o receio de que a manutenção da isenção de Imposto de Renda (IR) a rendimentos de títulos incentivados (LCI, LCA, debêntures, CRI e CRA), juntamente com a unificação da alíquota de 18% para todos os papéis emitidos pelo Tesouro Nacional, independentemente do prazo, pudessem aumentar distorções no mercado de renda fixa. Em particular, temia-se a perda de demanda por papéis de longo prazo e a absorção de mais liquidez pelo mercado com os papéis incentivados.
Rejeição da MP Impulsiona Queda dos Juros
Com a MP do governo praticamente rejeitada pelo Congresso, após partidos como União Brasil, PP e PSD fecharem acordo contra a pauta, os juros futuros apresentaram um movimento mais firme de queda. A retirada de prêmios também se refletiu no mercado secundário de títulos da dívida pública. Segundo um trader de renda fixa, as negociações dos papéis emitidos pelo Tesouro passaram a se comportar de forma diferente, com os prêmios das LTNs (títulos prefixados sem pagamento de juros semestrais), que estavam subindo, devolvendo parte da alta.
LFTs e NTN-Bs: Dinâmicas Específicas
Um caso à parte, segundo o mesmo trader, são as LFTs, títulos indexados à taxa Selic. As taxas negociadas no mercado secundário continuaram subindo devido a um movimento vendedor de gestoras de recursos que têm sofrido prejuízo com os papéis. Essa venda de LFTs surpreende em um momento em que a Selic está em 15%. Houve também alguma melhora nas NTN-B, títulos atrelados ao IPCA, cujos juros reais também devolveram parte da abertura de prêmios. A taxa da NTN-B com vencimento de agosto de 2028, por exemplo, recuava para 7,33%.
Análise de Longo Prazo para NTN-Bs
Sergio Goldenstein, sócio-fundador da Eytse Estratégia, destaca que este ano foi marcado por um “desacoplamento” das NTN-B em relação à curva prefixada. Isso se deve à queda da inflação implícita, demanda menor pelos papéis atrelados ao IPCA, e uma emissão agressiva do Tesouro Nacional. A concorrência com as debêntures incentivadas também contribuiu para drenar liquidez. Goldenstein prevê que a trajetória das NTN-B dependerá da evolução do câmbio, expectativas de inflação, postura do Copom, Calendário de oferta do Tesouro, condições de financiamento corporativo e o ciclo eleitoral, que pode ampliar ou reduzir o prêmio de risco.
Fonte: Valor Econômico