Juros Futuros Recuam com MP Alternativa ao IOF no Radar

Juros futuros recuam com rejeição da MP 1.303 pelo Congresso. Entenda o impacto na renda fixa e as perspectivas para NTN-Bs e LFTs.
Gráfico de juros e taxas de mercado financeiro, indicando a queda dos juros futuros. Gráfico de juros e taxas de mercado financeiro, indicando a queda dos juros futuros.

A rejeição de parte do Congresso à Medida Provisória (MP) 1.303, que visa substituir o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), impulsionou uma retirada de prêmios nos mercados de renda fixa. Consequentemente, os juros futuros fecharam em queda, com o movimento se estendendo ao Mercado secundário de títulos da dívida pública.

Gráfico de juros e taxas de mercado financeiro
Taxas de juros futuras registraram queda após rejeição de MP.

Juros Futuros Devolvem Alta da Véspera

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento de janeiro de 2027 cedeu de 14,13% para 14,085%. A do DI de janeiro de 2029 teve queda de 13,46% para 13,415%, e a do DI de janeiro de 2031 recuou de 13,685% para 13,64%. Com este movimento, os juros futuros devolveram parte da forte alta registrada no dia anterior, quando as discussões em torno da MP 1.303 pressionaram as taxas.

Tensão Fiscal e Distorções no Mercado de Renda Fixa

A preocupação dos investidores residia na perspectiva de piora da política fiscal e menor demanda por títulos da dívida pública, decorrentes das alterações na tributação de aplicações financeiras propostas na MP. Havia o receio de que a manutenção da isenção de Imposto de Renda (IR) a rendimentos de títulos incentivados (LCI, LCA, debêntures, CRI e CRA), juntamente com a unificação da alíquota de 18% para todos os papéis emitidos pelo Tesouro Nacional, independentemente do prazo, pudessem aumentar distorções no mercado de renda fixa. Em particular, temia-se a perda de demanda por papéis de longo prazo e a absorção de mais liquidez pelo mercado com os papéis incentivados.

Gráfico de mercado secundário de títulos da dívida pública
Mercado secundário de títulos da dívida pública.

Rejeição da MP Impulsiona Queda dos Juros

Com a MP do governo praticamente rejeitada pelo Congresso, após partidos como União Brasil, PP e PSD fecharem acordo contra a pauta, os juros futuros apresentaram um movimento mais firme de queda. A retirada de prêmios também se refletiu no mercado secundário de títulos da dívida pública. Segundo um trader de renda fixa, as negociações dos papéis emitidos pelo Tesouro passaram a se comportar de forma diferente, com os prêmios das LTNs (títulos prefixados sem pagamento de juros semestrais), que estavam subindo, devolvendo parte da alta.

LFTs e NTN-Bs: Dinâmicas Específicas

Um caso à parte, segundo o mesmo trader, são as LFTs, títulos indexados à taxa Selic. As taxas negociadas no mercado secundário continuaram subindo devido a um movimento vendedor de gestoras de recursos que têm sofrido prejuízo com os papéis. Essa venda de LFTs surpreende em um momento em que a Selic está em 15%. Houve também alguma melhora nas NTN-B, títulos atrelados ao IPCA, cujos juros reais também devolveram parte da abertura de prêmios. A taxa da NTN-B com vencimento de agosto de 2028, por exemplo, recuava para 7,33%.

Análise de Longo Prazo para NTN-Bs

Sergio Goldenstein, sócio-fundador da Eytse Estratégia, destaca que este ano foi marcado por um “desacoplamento” das NTN-B em relação à curva prefixada. Isso se deve à queda da inflação implícita, demanda menor pelos papéis atrelados ao IPCA, e uma emissão agressiva do Tesouro Nacional. A concorrência com as debêntures incentivadas também contribuiu para drenar liquidez. Goldenstein prevê que a trajetória das NTN-B dependerá da evolução do câmbio, expectativas de inflação, postura do Copom, Calendário de oferta do Tesouro, condições de financiamento corporativo e o ciclo eleitoral, que pode ampliar ou reduzir o prêmio de risco.

Fonte: Valor Econômico

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