Juros Futuros sobem com Caged forte, Fed cauteloso e Tesouro

Juros futuros sobem com Caged forte, Fed conservador e leilão do Tesouro. Mercado reage a dados de emprego e cenário de política monetária.
Gráfico de taxas de juros percentuais em meio a negociações financeiras, refletindo a alta nos juros futuros. Gráfico de taxas de juros percentuais em meio a negociações financeiras, refletindo a alta nos juros futuros.

Os juros futuros encerraram o pregão de quinta-feira (30) com alta firme, influenciados por dados do Caged, a postura conservadora do Federal Reserve (Fed) e um leilão de títulos do Tesouro Nacional. A curva de juros apresentou movimentações significativas ao longo do dia.

Impacto dos Dados do Mercado de Trabalho e do Fed

Inicialmente, a curva inclinava com a reação à postura do Fed e à atuação do Tesouro. No entanto, números mais fortes que o esperado do Mercado de trabalho brasileiro, divulgados pelo Caged, levaram a uma inversão no movimento, com as taxas de curto prazo avançando mais que as de longo prazo. Isso refletiu a redução das expectativas por cortes na Selic.

O Caged de setembro registrou a abertura de 213.002 vagas com carteira assinada, superando as projeções medianas do mercado. Essa resiliência do mercado de trabalho alimenta o pessimismo quanto ao ciclo de cortes de juros pelo Banco Central, que agora se espera para entre o primeiro e o segundo trimestre do próximo ano.

Antes da divulgação do Caged, havia uma expectativa majoritária de corte na Selic já em janeiro. No final da sessão, essa expectativa diminuiu, e a probabilidade de a taxa permanecer em 15% ao menos até a primeira reunião do ano que vem subiu. Felipe Tavares, economista-chefe da corretora BGC Liquidez, destaca o desafio do BC em encontrar um cenário confortável para iniciar os cortes, citando a dinâmica resiliente do setor de serviços como fator que fortalece o mercado de trabalho e mantém os núcleos da inflação resistentes.

Gráfico de taxas de juros percentuais em meio a negociações financeiras.
Mercado de renda fixa reagiu a diversos fatores macroeconômicos.

Atuação do Tesouro e Impacto nos Títulos

A postura conservadora do Fed nos Estados Unidos e os dados do mercado de trabalho brasileiro também dificultam uma suavização do discurso do Copom na próxima decisão de juros. Tavares aponta que, embora a atividade e a inflação apresentem sinais mistos, as expectativas inflacionárias do mercado tendem a se aproximar da meta de 3%.

O economista aposta que, até janeiro, a expectativa inflacionária do BC estará ancorada em 3%, permitindo cortes mais cautelosos, de 0,25 ponto percentual por vez. Ele ressalta a postura conservadora do Copom, que tem mantido um tom único e decidido, em contraste com as diferentes opiniões dentro do Fed.

O Tesouro Nacional também contribuiu para a pressão sobre a curva de juros com a oferta de 23,5 milhões de títulos prefixados. Embora em menor volume que na semana anterior, a oferta foi considerada grande e surpreendeu parte do mercado. Fernando Ferez, estrategista de renda fixa da Necton Investimentos, observa que o Tesouro voltou a aumentar o volume de emissões após um período de descompressão dos prêmios nas curvas de juros prefixados e reais.

Essa estratégia sinaliza que, diante de qualquer melhora, o Tesouro busca ampliar a emissão para reforçar sua liquidez e obter uma composição de dívida mais saudável, independentemente do nível de juros contratado. A atuação do Tesouro visa garantir um colchão de liquidez robusto.

Repercussão nos Juros Reais

Diante dos fatores que pressionaram as taxas, os juros reais das NTN-B (títulos atrelados à inflação) também sofreram, especialmente nos vencimentos mais curtos. Isso reflete a expectativa por uma política monetária mais apertada nos próximos meses. A taxa da NTN-B com vencimento em maio de 2027 registrou alta significativa.

Gráfico de visualização de dados econômicos.
Análise de dados econômicos para projeção de mercado.

A taxa do DI com vencimento para janeiro de 2027, por exemplo, avançou de 13,82% para 13,925%. Já o contrato de janeiro de 2031 subiu de 13,42% para 13,48%, demonstrando o impacto generalizado no mercado de renda fixa.

Fonte: Valor Econômico

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