Juros do consignado privado sobem para 58,4% em setembro

Taxa de juros do consignado privado sobe para 58,4% em setembro, mas segue abaixo do pico de abril. Entenda o impacto e as causas.
Juros do consignado privado — foto ilustrativa Juros do consignado privado — foto ilustrativa

A taxa média de juros para trabalhadores do setor privado registrou um aumento, passando de 56,3% para 58,4% ao ano em setembro. Os dados são do Banco Central (BC). Apesar dessa elevação, o patamar ainda se encontra abaixo dos 59,1% anuais observados em abril, período inicial de vigência do novo modelo de crédito consignado, conhecido como Crédito ao Trabalhador.

Aumento na Média de Juros do Consignado Privado

As taxas de juros médias atuais superam as praticadas antes do lançamento do programa, que giravam em torno de 40% ao ano em 2024. Uma das razões apontadas para essa expansão é a diversificação de tomadores, com perfis e riscos de crédito variados, o que tende a elevar os juros cobrados pelas instituições financeiras. Um estudo do BC indica que os beneficiários do novo consignado frequentemente trabalham em empresas de menor porte, possuem menor tempo de vínculo empregatício e rendas inferiores em comparação aos usuários anteriores dessa modalidade.

Em contraste, a taxa média do consignado para servidores públicos apresentou uma leve queda, de 24,8% para 24,4% ao ano entre agosto e setembro.

Inadimplência e Dinamismo no Crédito Consignado

A inadimplência no consignado para trabalhadores do setor privado tem apresentado uma trajetória de queda ao longo do ano. Iniciou em 7,9% em janeiro, recuou para 6,9% em abril e atingiu 5% em setembro. Para os servidores públicos, a inadimplência permaneceu baixa, em 2,7% no mesmo período.

O saldo do crédito consignado, impulsionado pelo Crédito ao Trabalhador, segue em expansão. Entre agosto e setembro, a alta foi de 9,6%, elevando o saldo de R$ 54,254 bilhões para R$ 59,457 bilhões. Renato Baldini, chefe-adjunto do departamento de Estatísticas do BC, ressaltou que o consignado para o trabalhador privado é a linha de maior dinamismo entre as modalidades de crédito consignado, com as operações do novo modelo respondendo pela maior parte do saldo.

Duplicatas e Comportamento Sazonal Influenciam Taxas

O comportamento sazonal, com maior concessão de operações de desconto de duplicatas e recebíveis, resultou em uma queda na taxa média de juros em setembro. A taxa média para pessoas jurídicas nesse segmento diminuiu de 21,5% para 20,7% ao ano entre agosto e setembro. A taxa total para o segmento corporativo caiu de 31,7% para 31,3% na mesma comparação.

Essa modalidade, que costuma ter picos de concessão no final de cada trimestre, viu seu saldo crescer para R$ 192,388 bilhões em setembro, ante R$ 176,649 bilhões em agosto. Como as taxas de juros das duplicatas (19,7% ao ano em setembro) são mais baixas que outras linhas de crédito, como capital de giro (24,9% ao ano), o aumento na concessão dessas operações tende a puxar a taxa média geral para baixo.

Baldini explicou que a redução na taxa de juros do desconto de duplicatas em setembro, somada à maior expressão dessa modalidade no período, contribuiu significativamente para o agregado. O movimento da taxa média para pessoas físicas, que variou de 36,3% para 36,2% entre agosto e setembro, também influenciou a taxa geral.

ICC Continua em Ascensão

Apesar da queda na taxa média de juros em setembro, o Índice de Custo de Crédito (ICC) manteve sua trajetória ascendente, passando de 23,3% para 23,5% em comparação com o mês anterior. Essa elevação ocorreu tanto para pessoas físicas (de 27,1% para 27,3%) quanto para pessoas jurídicas (de 17,3% para 17,5%). Diferentemente da taxa média de juros, calculada com base nas operações do mês, o ICC reflete o custo total do crédito em todas as operações abertas no sistema financeiro.

Fonte: Valor Econômico

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