Juiz da Lava Jato sob investigação por furto de champanhe

Juiz Eduardo Appio, ex-titular da Lava Jato, é investigado por suspeita de furto de champanhe em supermercado. Caso tramita em sigilo.
Juiz Lava Jato furto champanhe — foto ilustrativa Juiz Lava Jato furto champanhe — foto ilustrativa

O juiz federal Eduardo Appio, titular da 18ª Vara de Curitiba, está sendo alvo de uma apuração por suspeita de ter furtado garrafas de champanhe de um supermercado na cidade de Blumenau, em Santa Catarina. O incidente teria ocorrido na quarta-feira (22).

Procurado pela reportagem, Appio declarou: “Não posso me manifestar porque não sei de nada. Estou me informando”.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmou ter recebido uma notificação da Polícia Civil catarinense contra um juiz federal nesta quinta-feira (23) e afirmou que “serão tomadas as providências cabíveis”.

Autoridades ligadas à Polícia Civil do estado informaram que existem imagens de câmeras de segurança do supermercado que registrariam o suposto furto. O caso tramitará em sigilo, e o TRF-4 geralmente instaura um procedimento administrativo disciplinar (PAD) contra magistrados em situações como essa.

Eduardo Appio esteve à frente da 13ª Vara de Curitiba, conhecida como a “Vara da Lava Jato”, entre fevereiro e maio de 2023. Durante esse período, ele se mostrou abertamente crítico aos métodos da operação deflagrada em 2014 e à atuação de figuras proeminentes da investigação, como o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol.

Appio assinou decisões polêmicas e se tornou alvo de um pedido de suspeição pelo Ministério Público Federal (MPF). O MPF apontava, entre outras questões, os vínculos do juiz com lideranças do PT, mencionando que, até o início de 2023, ele utilizava o login “LUL2022” para acessar o sistema da Justiça Federal.

O episódio que culminou no afastamento de Appio da 13ª Vara Federal foi uma ligação telefônica para João Eduardo Barreto Malucelli. Malucelli é sócio de Sergio Moro em um escritório de advocacia e filho do desembargador federal Marcelo Malucelli, que na época era o relator da Lava Jato em segunda instância. Na ligação, Appio teria se passado por outra pessoa na tentativa de confirmar se falava com o filho de Marcelo Malucelli.

A ligação, que foi gravada por João Eduardo, foi admitida por Appio publicamente em setembro de 2024, durante uma Entrevista à TV Brasil. Na ocasião, ele explicou que seu objetivo era demonstrar que Malucelli não teria a isenção necessária para julgar processos envolvendo o advogado Rodrigo Tacla Duran, devido à ligação de seu filho, João Eduardo, com Sergio Moro. Appio afirmou que a ligação visava entender se João Eduardo era filho ou sobrinho de Marcelo Malucelli. Sendo filho, haveria “problemas graves e indícios de corrupção“, pois Malucelli estaria julgando processos que afetavam diretamente Sergio Moro, enquanto Tacla Duran era considerado o “arqui-inimigo” de Moro.

Este episódio resultou em um processo administrativo disciplinar contra Appio na Corregedoria do TRF-4. No entanto, o magistrado conseguiu transferir o caso para a análise da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Eduardo Appio, juiz federal.
Eduardo Appio, juiz federal da 18ª Vara de Curitiba.
Prédio do TRF-4 em Porto Alegre.
Sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Fonte: Folha de S.Paulo

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