Um casal americano atingiu a marca de mais de US$ 2 bilhões em doações, cumprindo a promessa de desvencilhar-se de metade de sua fortuna. John Arnold, ex-corretor de energia de Wall Street, e sua esposa, Laura Arnold, são participantes ativos da iniciativa “The Giving Pledge” (O compromisso da doação).
Lançado em 2010 por Bill Gates, Melinda French Gates e Warren Buffett, o programa visa incentivar os mais ricos do mundo a doar pelo menos metade de suas fortunas. Outros nomes notáveis que aderiram incluem MacKenzie Scott (ex-esposa de Jeff Bezos), Michael Bloomberg, Elon Musk e Mark Zuckerberg.
John Arnold, que iniciou sua carreira negociando gás natural na Enron e posteriormente administrou o fundo de hedge Centaurus Partners, aposentou-se em 2012 aos 38 anos para se dedicar integralmente à filantropia. Em 2024, os Arnolds já destinaram mais de US$ 204 milhões, elevando o total doado para mais de US$ 2 bilhões. Com um patrimônio líquido atual de cerca de US$ 2,9 bilhões, suas doações representam aproximadamente 42% de sua riqueza.
A fundação Arnold Ventures, estabelecida em 2008, conta com 150 funcionários e escritórios em Nova Iorque, Washington, D.C. e Houston. John Arnold ostenta uma pontuação máxima de 5 em 5 na avaliação de filantropia da Forbes, concedida a quem doa mais de 20% de sua riqueza.
Abordagem e Impacto das Doações dos Arnolds
A estratégia filantrópica do casal Arnold baseia-se em dados e na busca por resultados mensuráveis. Suas ações concentram-se em pesquisa e em diversas políticas públicas, abrangendo áreas como saúde, ensino superior, Justiça criminal e infraestrutura.
Os Arnolds acreditam que a riqueza deve ser utilizada em tempo real, sem a intenção de preservá-la para gerações futuras. John Arnold já declarou que a Arnold Ventures não continuará como uma fundação legado após sua morte.
Recentemente, a Arnold Ventures, em parceria com o American Institute for Boys and Men, solicitou novas pesquisas sobre os efeitos de longo prazo das apostas esportivas online, um mercado em expansão com a legalização em diversos estados americanos.
O Cumprimento do Compromisso The Giving Pledge
Embora centenas de bilionários tenham assinado o Giving Pledge, o cumprimento do compromisso não é garantido, pois ele possui um caráter mais moral do que legal. Os participantes assinam uma carta aberta detalhando suas motivações para doar, com liberdade para escolher as causas e instituições a serem apoiadas.
Um relatório de 2025 do Institute for Policy Studies, The Giving Pledge at 15, aponta Laura e John Arnold como os únicos signatários a terem cumprido integralmente o compromisso desde a adesão em 2010. Bella DeVaan, coautora do relatório, elogiou a coragem dos Arnolds em doar e estudar a eficácia da filantropia em gerar impacto real.
Dentre os 22 signatários americanos falecidos, apenas oito cumpriram o compromisso em vida, sendo Chuck Feeney o único a doar toda a sua fortuna. Dos 57 signatários originais dos EUA em 2010, 32 continuam bilionários, com um aumento de quase 300% em seu patrimônio líquido. Apenas 11 indivíduos desse grupo original deixaram de ser bilionários, em grande parte devido à diminuição de seu patrimônio, e não por doações expressivas.
DeVaan ressalta a rápida acumulação de riqueza entre os mais ricos da América e a importância do Giving Pledge como um dos poucos compromissos públicos em contraste com regulamentações ou tributações mais rigorosas. John Arnold defendeu publicamente o compromisso no X (antigo Twitter), após reportagens sobre Peter Thiel sugerindo que Elon Musk o abandonasse, temendo doações para organizações de esquerda. Arnold destacou que a gestão produtiva de grandes fortunas pode ser tão crucial quanto a sua acumulação.
Fonte: Estadão
