O grupo J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, através de sua empresa Âmbar Energia, anunciou nesta quarta-feira (15) a aquisição de 68% do capital total da Eletronuclear. Esta movimentação estratégica não só expande o portfólio da Âmbar, diversificando suas fontes de energia, mas também fortalece sua presença no setor elétrico brasileiro, adicionando ativos considerados estratégicos ao seu controle.

Expansão e Consolidação no Setor Elétrico
Com a entrada na Eletronuclear, que opera as usinas de Angra 1 (640 MW) e Angra 2 (1.350 MW), além do projeto de Angra 3 (1.405 MW), a Âmbar Energia alcança a marca de 50 usinas em operação ou em fase final de fechamento. O portfólio totaliza 6,5 gigawatts (GW) de capacidade instalada, posicionando a empresa como a sexta maior geradora de energia do Brasil. Este novo patamar a coloca à frente de players como Enel e Eneva, figurando atrás apenas de Eletrobras, Engie, Auren, China Three Gorges (CTG) e Copel em rankings de Mercado.
Posição Estratégica no Setor Nuclear
Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar Energia, destacou a relevância da aquisição para a entrada no setor nuclear. “Seremos o único player privado com posição no setor nuclear, uma fonte que ganha força em todo o mundo por equilibrar a necessidade do setor de tecnologia por energia firme com a redução das emissões de gases do efeito estufa”, afirmou Zanatta. A empresa já possui ativos em fontes solar, hidrelétrica, biodiesel, biomassa, biogás, gás natural e carvão. A estratégia de aquisições começou a ser desenhada em 2021, com a compra da termelétrica de Uruguaiana, e a empresa continua atenta a novas oportunidades de consolidação e expansão.
A Âmbar aguarda aprovações para adquirir outras quatro termelétricas a óleo combustível da Oliveira Energia em Roraima. Entre os ativos já operados pela companhia estão termelétricas anteriormente detidas pela Eletrobras, como a usina a carvão Candiota (RS) e um conjunto de usinas no Amazonas. A empresa também adquiriu a termelétrica Araucária (PR) da Copel.
Desafios e Oportunidades em Angra 3
A inclusão da Eletronuclear levanta discussões sobre o futuro da obra inacabada de Angra 3. Embora a J&F detenha 68% do capital total, sua participação no capital votante será de 35,3%. Um estudo do BNDES apontou a necessidade de R$ 23 bilhões adicionais para concluir a obra e R$ 21 bilhões para desmobilização, com projeção de tarifa de R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh). O Governo federal, através do Ministério de Minas e Energia e do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ainda não definiu o destino do projeto, com previsão de decisão para 2025, após atualização dos estudos de viabilidade.
Estratégia e Visão de Mercado
A estratégia da Âmbar em adquirir termelétricas é pragmática, buscando suprir a demanda por energia firme e de rápido acionamento, essencial para equilibrar o sistema elétrico, especialmente no fim do dia. Especialistas apontam a necessidade de usinas como termelétricas para atender a picos de consumo, o que pode ser favorecido por leilões futuros de Contratação de potência. A empresa também explora soluções para reduzir emissões, como um acordo com a chinesa JNG para estudos de viabilidade de processos verdes na termelétrica de Candiota.
A companhia também se beneficiou de ajustes regulatórios em aquisições passadas, como a compra de térmicas no Amazonas, que foram transformadas em energia de reserva por medida provisória. Essa operação facilitou a aquisição da distribuidora local Amazonas Energia, pendente de homologação judicial.
Fonte: Estadão