A rivalidade na Wall Street ganhou um novo capítulo com uma troca de farpas entre Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, e Marc Lipschultz, chefe da Blue Owl Capital. A Polêmica gira em torno de quem está melhor posicionado para enfrentar uma potencial recessão, após perdas significativas em empresas de crédito.
Alerta de Dimon e a resposta da Blue Owl
Jamie Dimon utilizou as perdas do JPMorgan com a financeira Tricolor Holdings para reforçar seu argumento de que o Mercado de crédito está repleto de riscos, citando o ditado popular de que “nunca há apenas uma barata”. Em resposta, Marc Lipschultz, da Blue Owl Capital, rebateu, sugerindo que Dimon deveria analisar os próprios balanços do JPMorgan antes de criticar outros players do mercado.
Segundo Lipschultz, os problemas em financiamentos liderados por bancos são a raiz da questão. Ele também mencionou o crescente Valor de mercado de empresas como a Blackstone, indicando que o sucesso do setor de crédito privado incomoda instituições financeiras tradicionais.
O cenário do crédito no mercado financeiro
A discussão evidencia as mudanças no setor financeiro, onde bancos estão cada vez mais forçados a interagir com novos credores. Empresas de crédito privado, que cresceram rapidamente, têm ganhado espaço nas operações de Empréstimo dos bancos, ao mesmo tempo em que se tornam clientes e parceiros.
O analista Akshay Shah, da Kyma Capital, compara a situação a “minas terrestres explodindo em todos os lugares”, sugerindo que os riscos são evidentes tanto no setor bancário quanto no crédito privado. No entanto, ele ressalta que as falhas no mercado de crédito público são mais difíceis de ocultar.
Críticas e defesas sobre o crédito privado
Jamie Dimon expressou surpresa com alguns padrões de subscrição observados em players do mercado privado, alertando para possíveis perdas maiores em uma recessão. O JPMorgan divulgou uma perda de US$ 170 milhões ligada à Tricolor, um incidente que levou o banco a revisar seus processos internos.
Por outro lado, John Cortese, da Apollo Global Management, considera as falhas um comportamento de “fim de ciclo”, onde alguns participantes do mercado se afastaram dos fundamentos, em vez de um problema generalizado. Jon Gray, presidente da Blackstone, minimizou a relevância dos casos citados, afirmando que eles não representam o mercado tradicional de crédito privado.
O futuro do crédito privado e suas métricas
Apesar das controvérsias, líderes do crédito privado, como Harvey Schwartz, CEO da Carlyle Group, defendem a transparência do setor, chamando-o de “uma sombra tão brilhante na história”. Eles argumentam que, ao contrário dos bancos, os fundos de crédito direto mantêm os empréstimos, o que exige maior diligência para evitar colapsos.
Joel Holsinger, da Ares Management, também reforça a ideia de que uma análise mais aprofundada poderia ter identificado os problemas. Dimon, no entanto, já havia expressado ceticismo em julho, sugerindo que o “pico do crédito privado” poderia ter passado, embora ainda reconhecesse o potencial de crescimento do setor.
Atualmente, algumas empresas de crédito privado negociam com desconto em relação ao seu valor patrimonial, e a porcentagem de pagamentos em juros adiados (PIK) tem aumentado. A Blue Owl, por exemplo, viu suas ações caírem 27% este ano, embora a empresa argumente que está “mal precificada” e não vê evidências de um aumento massivo de inadimplências.
Fonte: InfoMoney