Isenção do IR: Senado decide futuro da proposta em semana decisiva

Projeto de isenção do Imposto de Renda avança no Senado. Saiba os detalhes da ampliação da isenção, taxação de alta renda e dividendos e as compensações fiscais.
Isenção Imposto de Renda Senado — foto ilustrativa Isenção Imposto de Renda Senado — foto ilustrativa

O projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais entra em uma semana decisiva no Senado. A proposta tem potencial para gerar uma rara convergência entre governistas e oposição na votação. Se aprovada, seguirá para sanção presidencial, representando uma importante Vitória política para Lula, especialmente em ano eleitoral.

Projeto de isenção do Imposto de Renda em análise no Senado
Projeto de isenção do Imposto de Renda avança no Senado.

A proposta visa isentar do IR quem recebe até R$ 5 mil por mês, além de criar uma faixa de desconto para salários entre R$ 5 mil e R$ 7.350, e estabelecer uma tributação adicional para rendas anuais acima de R$ 600 mil.

O relator do tema no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), deve apresentar seu parecer nesta terça-feira, 4, com expectativa de votação e aprovação pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), demonstrou o desejo de levar o texto a plenário até quarta-feira, 5.

Cenários e Ajustes no Texto do IR

Ainda que senadores não tenham tido Acesso completo ao parecer de Renan, ele indicou trabalhar com cinco cenários possíveis, desde o desmembramento de pontos específicos até a aprovação integral do texto já aprovado pela Câmara. Há uma tendência em manter a essência do texto original aprovado por unanimidade pelos deputados, com possíveis ajustes de redação para garantir a sanção presidencial sem necessidade de nova análise pela Câmara.

Parlamentares da oposição também defendem uma votação rápida e sem alterações. Contudo, Renan tem criticado dispositivos como o que beneficia cartórios, ao excluir repasses obrigatórios sobre emolumentos da base de cálculo da tributação mínima do IR, considerado inconstitucional.

Outro ponto sob escrutínio é o trecho que isenta dividendos acima de R$ 50 mil apurados até dezembro deste ano, mesmo que distribuídos posteriormente (até 2028). Renan expressou ceticismo sobre a neutralidade fiscal do projeto, cobrando novos cálculos do Ministério da Fazenda.

Impacto Fiscal e Compensações

A consultoria do Senado estima perdas de R$ 12,3 bilhões em três anos. O principal contrapeso previsto é uma alíquota adicional de até 10% sobre rendas superiores a R$ 600 mil anuais, incluindo dividendos.

Para Estados e municípios, a isenção do IR implica menor arrecadação com Transferências para o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A proposta aprovada na Câmara prevê compensações via aportes nesses fundos, mas a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) estima perdas de R$ 4,8 bilhões, argumentando que as compensações são insuficientes.

Pontos Chave do Projeto Aprovado na Câmara

Isenção Ampliada para Salários Baixos

A proposta isenta de IR quem ganha até R$ 5 mil por mês, com projeções do Governo indicando que cerca de 65% dos declarantes deixarão de pagar o tributo, beneficiando mais 10 milhões de pessoas.

Faixa de Desconto para Classe Média

Salários entre R$ 5 mil e R$ 7.350 terão uma redução parcial e escalonada no IR, beneficiando aproximadamente 16 milhões de pessoas. A faixa foi ampliada em relação à proposta original do governo.

Taxação de Alta Renda e Dividendos

Para compensar a renúncia fiscal, o projeto cria um “imposto mínimo” para contribuintes de alta renda (acima de R$ 600 mil anuais), com alíquotas graduais de até 10%. A novidade inclui a tributação de dividendos a 10% quando o pagamento mensal por empresa exceder R$ 50 mil.

Exceções e Rendas Isentas

O texto ampliou as exceções para o cálculo da alta renda, excluindo rendimentos como heranças, poupança, indenizações por doenças graves, dividendos de governos estrangeiros, e diversos títulos isentos como LCI, LCA, CRI, CRAs, FIIs, entre outros. A renda isenta da atividade rural também foi considerada.

Medidas Complementares para Receita

Paralelamente, o Senado discute um projeto para elevar a tributação sobre apostas online (bets) e fintechs. O texto, de autoria de Renan Calheiros, propõe aumentar a alíquota sobre a Receita bruta das bets de 12% para 24%, com parte do adicional repassada a Estados e municípios como compensação pelas mudanças no IR.

Para fintechs, sugere-se elevar a CSLL sobre meios de pagamento de 9% para 15%, e para sociedades de crédito, de 15% para 20%. Medidas relacionadas à MP do IOF que visam recompor receitas também estão em pauta.

Fonte: Estadão

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