Em depoimento crucial à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, Milton Baptista de Souza Filho, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), conhecido como “Milton Cavalo”, declarou que José Ferreira da Silva, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e vice-presidente da entidade, nunca exerceu um papel administrativo. Segundo ele, Frei Chico, como é chamado, atua apenas em funções políticas e de representação sindical.
Contexto da CPI e Declaração de Milton Cavalo
Contrariando a orientação de seu advogado, que recomendou silêncio mediante um habeas corpus concedido pelo ministro Flávio Dino, do STF, Milton Cavalo optou por responder aos questionamentos. Ele afirmou enfaticamente: “Contrariando o meu advogado, eu quero dizer que ele nunca teve esse papel administrativo no sindicato, só político, político de representação sindical. Nada mais do que isso.” A declaração foi uma resposta direta a uma pergunta do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que buscava rebater acusações da oposição sobre a suposta participação de Frei Chico em um esquema de descontos indevidos a aposentados e pensionistas.
Investigação e Pressão da Oposição
Milton Cavalo está sob investigação pela Polícia Federal (PF) na operação “Sem Desconto”, tendo sido alvo de busca e apreensão em sua sala no sindicato e em sua residência. A oposição na CPMI tenta, através do depoimento do presidente do Sindnapi, encontrar qualquer elo que ligue Frei Chico às fraudes no INSS, com o objetivo de convocá-lo formalmente para depor. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou que os requerimentos para a Convocação do irmão de Lula serão submetidos à votação na próxima reunião colegiada, em 16 de outubro.
Estratégia do Governo e Futuro da Convocação
Apesar da pressão da oposição, o Governo detém a maioria dos votos na CPMI, o que lhe confere a capacidade de barrar a convocação de Frei Chico. Caso a convocação seja aprovada, no entanto, o vice-presidente do Sindnapi será legalmente obrigado a comparecer perante a comissão.
Fonte: Valor Econômico
