IPCA próximo da meta: Juros podem cair em janeiro?

IPCA 2025 próximo do teto da meta de 4,5% acende debate sobre corte da Selic em janeiro. Veja o que o mercado espera para os juros.
IPCA próximo da meta — foto ilustrativa IPCA próximo da meta — foto ilustrativa

O Mercado financeiro consolidou a expectativa de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre 2025 muito próximo do teto da meta de inflação, fixado em 4,5%. Essa projeção, que contrasta com o estouro da meta em 2024 (4,83%), é sustentada pela moderação nos preços de alimentos, pela valorização do real e pela recente redução no preço da gasolina pela Petrobras.

A mediana das projeções do Projeções Broadcast aponta para uma alta de 4,51% no IPCA para o ano, enquanto o boletim Focus do Banco Central revisou suas estimativas de 4,70% para 4,56%. Economistas não descartam novas reduções na mediana do Focus. Até setembro, o IPCA acumulava alta de 3,64% no ano e 5,17% em 12 meses.

Cenário Inflacionário Favorável e Revisões de Expectativas

O cenário atual da inflação é consideravelmente mais favorável do que o previsto no início do ano, especialmente devido à dinâmica cambial observada no final de 2024. Em março, por exemplo, a mediana do Focus para o IPCA de 2025 chegou a 5,68%. Economistas como João Savignon, da Kínitro Capital, que inicialmente projetava 6,5% para o IPCA em 2025, agora esperam 4,46%, influenciado pela taxa de câmbio e pela queda nos preços de commodities.

A moderação da inflação de bens industriais e alimentos, impulsionada pela queda dos preços internacionais de commodities, tem sido um fator crucial. A expectativa de bandeira amarela na tarifa de energia elétrica em dezembro — que, se confirmada como verde, poderia reduzir a estimativa em 10 pontos-base — também contribui para as projeções mais otimistas.

Fabio Romão, da 4intelligence, prevê o IPCA em 4,52% para o ano, com bandeira tarifária amarela em dezembro. Ele destaca a queda nos preços de carnes devido à gripe aviária e a influência do câmbio favorável. “Tivemos uma boa safra, a gripe aviária momentaneamente também derrubou os preços das carnes, o câmbio ajudou bastante e o próprio tarifaço de Donald Trump ajudou a tirar força de algumas cotações”, aponta.

Andréa Angelo, da Warren Investimentos, projeta o IPCA em 4,3% para 2025, com potencial de cair para 4,2% se a bandeira tarifária amarela for adotada já em novembro. Ela ressalta o repasse mais rápido do câmbio apreciado em bens industriais, o que pode impactar os preços da Black Friday.

Impacto do IPCA na Decisão de Juros: Selic em Janeiro?

O cumprimento da meta de inflação, ou a aproximação a ela, aumenta as apostas para o início do ciclo de afrouxamento monetário já em janeiro. No entanto, o mercado de trabalho resiliente e a inflação de serviços ainda em níveis elevados podem frear o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Andréa Angelo acredita que a desaceleração dos serviços eleva a possibilidade de um corte de 0,25 ponto na taxa Selic em janeiro. Ela observa uma melhora qualitativa no IPCA, mas aponta que a inflação de serviços intensivos em trabalho tem acelerado.

João Savignon, da Kínitro Capital, considera que o cenário inflacionário atual aumenta a probabilidade de antecipação do ciclo de cortes da Selic, mas avalia que ainda é cedo para o Banco Central reduzir a vigilância. Ele prevê o primeiro corte entre março e abril, mas não descarta janeiro. Gabriel Galípolo, presidente do BC, precisa consolidar o ganho de credibilidade, especialmente para o horizonte de 2027.

Fabio Romão, da 4intelligence, vê a projeção do IPCA a 4,5% em 2025 como a mais provável e que as apostas em um corte da Selic em janeiro crescerão. Contudo, ele prevê que os serviços continuarão em níveis incômodos para o BC, rodando em 6% ao fim do ano. A 4intelligence projeta o primeiro corte da Selic apenas em março de 2026. “É mais difícil ver uma descompressão em serviços como vimos em alimentação”, diz.

Alexandre Maluf, da XP Investimentos, concorda que o cumprimento da meta de inflação eleva as apostas para um corte em janeiro. Ele ressalta, porém, as incertezas fiscais e o ciclo de cortes do Federal Reserve como fatores a serem considerados. A XP mantém sua projeção para o início do afrouxamento monetário em março, com uma redução de 0,50 ponto. A melhora qualitativa da inflação de serviços traz alívio, mas a manutenção da meta em longo prazo pode ser desafiadora com os estímulos fiscais e de crédito previstos para 2026.

Fonte: Estadão

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