Inflação CPI EUA: O que esperar do dado em meio ao shutdown?

Entenda o impacto da divulgação do CPI dos EUA em meio ao shutdown e as expectativas do mercado financeiro global para a decisão do Fed.
Inflação CPI EUA — foto ilustrativa Inflação CPI EUA — foto ilustrativa
Meta stock information at the Nasdaq MarketSite in New York, U.S., on Thursday, Feb. 3, 2022. Big technology earnings have prompted some extreme share price moves this season, with Wall Street’s expectations seemingly misaligned with company realities. Photographer: Michael Nagle/Bloomberg

A divulgação do Índice de Preço ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos em setembro, agendada para esta sexta-feira às 9h30 (horário de Brasília), ganha destaque por ser o primeiro indicador econômico de peso desde o início do shutdown do governo, que já completa 24 dias. A falta de dados econômicos é acentuada pela notícia de que dirigentes do Federal Reserve (Fed) não têm Acesso a informações como os dados de emprego privados (ADP) desde agosto, segundo o Wall Street Journal.

Contexto do Shutdown e Divulgação de Dados

A paralisação do Governo, iniciada em 1º de outubro, impactou a divulgação de relatórios cruciais, como o de emprego de setembro, que deveria ter saído em 15 de outubro. Apesar do impasse, o Escritório de Estatísticas do Trabalho dos EUA confirmou que o relatório do CPI será publicado, garantindo o cumprimento de prazos legais para pagamentos de benefícios.

Expectativas para o CPI e Impacto no Dólar

Analistas da Convera apontam que o dólar está “desancorado” sem novos dados sobre a economia americana, e que investidores buscam referência em balanços corporativos. A resiliência econômica é vista como esperança para uma alta sustentada do dólar quando os dados voltarem a ser divulgados. Contudo, José Faria Júnior, da Wagner Investimentos, alerta que se o CPI não vier forte e o Fomc (Federal Open Market Committee) cortar juros na próxima semana, o real pode se valorizar frente ao dólar, aproximando-o de R$ 5,30.

Gráfico mostrando a evolução do dólar em relação ao real.
Análise da trajetória do dólar frente a outras moedas.

Projeções do Goldman Sachs e Tendências

O Goldman Sachs projeta um aumento de 0,25% no núcleo do CPI de setembro (excluindo alimentos e energia), com uma taxa anual de 3,05%. Para o CPI geral, a expectativa é de alta de 0,33%, impulsionada por alimentos e energia. O banco destaca quatro tendências principais:

  • Preços de carros usados estáveis e carros novos com leve alta.
  • Aumento de 0,3% no seguro de automóveis.
  • Queda de 1,5% nas tarifas aéreas.
  • Pressão de alta em comunicação, móveis e recreação.

Para os próximos meses, o Goldman Sachs prevê inflação mensal do núcleo do CPI entre 0,2% e 0,3%, com a inflação subjacente caindo. A projeção anual do núcleo do CPI é de 3,1% em dezembro de 2025.

Impacto nos Mercados de Wall Street

Apesar da expectativa pelo CPI, investidores em ações nos EUA podem ignorar sinais de inflação persistente, focando no otimismo de um corte de juros pelo Fed na próxima semana. A mesa de operações do JPMorgan Chase & Co. vê cerca de 65% de chance de o S&P 500 avançar após a divulgação, com cenários menos voláteis que o usual.

Gráfico mostrando a performance do índice S&P 500.
Análise do desempenho do índice S&P 500.

O consenso Bloomberg aponta para uma alta de 0,3% no núcleo do CPI de setembro em relação ao mês anterior, mantendo a inflação anual em 3,1%. Um resultado em linha ou abaixo do esperado pode impulsionar o S&P 500 em até 1,5%, enquanto um número elevado (acima de 0,4%) pode causar uma queda de até 2,3%.

O Papel do Fed e Perspectivas Futuras

Profissionais de Wall Street apostam em dois cortes de juros ainda este ano. No entanto, um cenário de inflação pior que o esperado pode complicar as perspectivas para novos cortes no final de 2024 e em 2025. Sameer Samana, do Wells Fargo Investment Institute, sugere que um corte em outubro parece prudente devido ao enfraquecimento do Mercado de trabalho, mas o cenário pós-outubro torna-se mais incerto.

Simbolizando o mercado financeiro global.
Mercados globais em atenção aos indicadores econômicos.

Matt Maley, da Miller Tabak + Co LLC, reforça que, embora o foco do Fed seja o emprego, dados de CPI muito discrepantes do esperado podem impactar suas decisões. Stephanie Link, da Hightower Advisors, vê volatilidade como oportunidade de compra, dada a expectativa de cortes de juros e o período forte do quarto trimestre.

A leitura do CPI pode gerar volatilidade, mas a política monetária frouxa tende a compensar, segundo Samana, que recomenda a compra de ações de qualidade. A alta das ações americanas tem perdido força, com avaliações esticadas diante de um cenário econômico incerto. Uma inflação mais alta limitaria a capacidade do Fed de afrouxar a política, afetando a expansão do mercado acionário.

Fonte: InfoMoney

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