Ex-diretor do BC prevê inflação alta em 2026 contra mercado

Fabio Kanczuk, ex-diretor do BC, diverge do mercado e prevê inflação alta em 2026, citando expansão fiscal como principal fator.
Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central, discute projeções econômicas e prevê inflação alta em 2026. Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central, discute projeções econômicas e prevê inflação alta em 2026.

Fabio Kanczuk, diretor de macroeconomia do ASA e ex-diretor do Banco Central, divergiu do consenso do Mercado ao projetar um aumento da inflação em 2026. Enquanto economistas preveem o IPCA em torno de 4%, Kanczuk acredita que o índice pode chegar a 5%, principalmente devido à expansão fiscal. “A inflação voltará a perturbar”, afirmou.

Segundo Kanczuk, a política fiscal expansionista impedirá a desaceleração da economia. Sem o suporte da queda do dólar e dos preços dos alimentos, o cenário para 2026 não será de “moleza”. No entanto, ele antecipa que o Banco Central iniciará o corte de juros em março, com a taxa Selic projetada em 12,5% em dezembro.

“O juro ainda vai estar alto e mesmo assim não esperamos crescimento ruim. Como isso é possível? A resposta é a política fiscal atuando”, explicou Kanczuk, ressaltando a força da política fiscal na manutenção do crescimento.

Para o último trimestre deste ano, a previsão é de desaceleração do PIB. O IPCA acumulado em 2025 deve ficar em torno de 4,5%. Kanczuk explicou que a queda recente da inflação foi impulsionada pela desvalorização do dólar e pela redução nos preços dos alimentos, fatores que não deverão se repetir em 2026.

Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central, discute projeções econômicas.
Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central, prevê inflação alta em 2026.

Kanczuk observou que o Banco Central parece mais otimista quanto à queda do custo de vida. Ele avalia que a taxa Selic, atualmente em 15%, pode ser reduzida sem comprometer o controle inflacionário. “Na cabeça deles o nível da Selic (15%) está tão absurdo que não é preciso manter nesse nível. É alguma coisa como ‘eu posso cortar e mesmo assim ainda vai estar num nível alto o suficiente para fazer o trabalho’. Eu não concordo. A inflação não vai cair. Pode ser que eles acertem e a gente erre. Ou não”, ponderou o ex-secretário de política econômica da Fazenda e representante do Brasil no Banco Mundial.

A substituição de dois diretores no Banco Central neste ano, considerados os mais “durões” (Diogo Guillen e Renato Gomes), pode sinalizar uma diretoria mais otimista, segundo Kanczuk. “Não é certo ou errado. Está entrando uma diretoria mais otimista”, comentou ele em entrevista durante o 46º Congresso Brasileiro de Previdência Privada, em São Paulo.

Fonte: Valor Econômico

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