BDRs da B3 recuam após recorde, mas oferecem diversificação

Índice BDRX da B3 atinge recorde, impulsionado por Big Techs e cenário global. Descubra oportunidades de diversificação e riscos cambiais.
Índice BDRX — foto ilustrativa Índice BDRX — foto ilustrativa

O otimismo com as ações que impulsionou o Índice Bovespa a bater novos recordes recentemente, superando os 150 mil pontos, é um movimento global. O Índice de BDRs Não Patrocinados-Global da B3, que agrega 146 recibos de ações de grandes empresas internacionais negociados na bolsa brasileira, reflete essa tendência.

Na semana passada, o Índice BDRX alcançou a máxima histórica de fechamento em 25.720 pontos. Em outubro, acumulou alta de 5,90%, superando os 2,26% do Ibovespa. Nesta semana, já atingiu 26.057 pontos durante o pregão.

No acumulado do ano, até o mês passado, o BDRX subiu 7,55%, enquanto o Ibovespa avançou 24,32%. Em 12 meses, contudo, o BDRX acumula 21,99%, superando os 15,29% do índice brasileiro, mesmo com a queda de 6,81% do dólar Ptax no mesmo período, que afeta negativamente o valor dos BDRs americanos.

Fatores que impulsionam bolsas globais

A alta das bolsas mundiais é explicada pela redução das taxas de juros nos Estados Unidos, pela trégua nas tarifas comerciais entre o presidente Donald Trump e a China, e pelas expectativas em torno do avanço das empresas de tecnologia com a Inteligência Artificial, que pode impulsionar a produtividade global.

As chamadas “Big Techs” americanas são as principais responsáveis por essa performance. O índice setorial de Tecnologia do S&P500 acumula 29,3% neste ano, contribuindo significativamente para a alta de 16,3% do índice geral até outubro. O Índice Nasdaq, outro indicador do setor nos EUA, subia 22,9% no mesmo período.

“Big Techs” lideram o Índice BDRX

Não por acaso, as “Big Techs” dominam a composição do BDRX da B3. As quatro ações com maior peso no índice são a fabricante de chips Nvidia (NVDC34), com 11,07% de representatividade, Apple (AAPL34), com 8,99%, Microsoft (MSFT34), com 8,63%, e Amazon (AMZO34), com 5,80%. Juntas, elas somam 35,5% do BDRX.

A expectativa é de que a valorização continue. Segundo o Itaú BBA, após superar a máxima histórica de 24.700 pontos, o BDRX entra em um cenário de valorização, com projeção de alcançar a nova barreira de 26.150 pontos neste mês. Atingindo essa marca, o índice pode chegar a 27.200 a 29.000 pontos.

Apesar do cenário positivo, há volatilidade nos mercados, especialmente após a recente alta expressiva. Realizações de lucros e quedas pontuais podem surgir, como a observada recentemente, diante do receio de valorizações exageradas. Essas oscilações podem representar oportunidades para o investidor diversificar sua carteira a preços mais atrativos.

Volatilidade e tarifas impactam mercados

Maria Irene Jordão, estrategista global da XP, destaca que o ano tem sido marcado por alta volatilidade em diversos mercados globais, incluindo os Estados Unidos. No início do ano, as ações americanas apresentaram desempenho inferior aos mercados emergentes, refletindo uma rotação de investidores para fora dos EUA devido à incerteza em torno das tarifas anunciadas pelo presidente Trump.

“No início de abril, após o pacote de tarifas do Liberation Day, esse movimento se intensificou, ampliando a desvantagem das ações americanas”, explica a estrategista. Contudo, o mercado dos EUA tem demonstrado uma recuperação consistente desde então, voltando a figurar entre as melhores performances globais após as tréguas na guerra tarifária.

Mercados Emergentes se beneficiam

Os mercados emergentes como um todo também se beneficiaram da saída de capital dos Estados Unidos, o que contribuiu para o Ibovespa atingir novos recordes, observa Maria Irene. Essa movimentação, aliada à recuperação dos ativos norte-americanos, especialmente no setor de tecnologia, permitiu que o desempenho da cesta global de ações que compõe o BDRX superasse o do Ibovespa, mesmo com a queda do dólar no período.

Ela ressalta que a desvalorização do dólar, embora reduza o retorno em reais dos BDRs, impulsionou os resultados de companhias americanas, em particular das “Big Techs”, que obtêm grande parte de sua Receita no exterior. “Esse fator acabou contribuindo adicionalmente para a valorização das ações globais”, afirma.

Recomendações de BDRs para novembro

O Itaú BBA atualizou suas recomendações de BDRs para o mês de novembro. A lista inclui papéis da Berkshire Hathaway (BERK34), do banco de investimentos Morgan Stanley (MSBR34), da Palantir Technologies (P2LT34), da Inter & Co, controladora do Banco Inter (INBR32), e da fabricante de semicondutores TSMC (TSMC34).

BDRs Patrocinados e Não Patrocinados

Para o investidor, os BDRs oferecem uma oportunidade de diversificar a carteira de renda variável no Brasil e participar da valorização das ações globais, especialmente no setor de tecnologia, que tem pouca representação no mercado local.

Existem os BDRs patrocinados, emitidos quando a própria empresa estrangeira coloca recibos de suas ações no mercado brasileiro. Já nos não patrocinados, um banco compra as ações no exterior, as deposita em custódia e emite os BDRs no Brasil sem a chancela da companhia emissora.

A maioria dos BDRs negociados na B3 são não patrocinados, totalizando 832 empresas. O investimento é realizado em corretoras de valores, em lotes de BDRs, conforme o preço da ação no exterior convertido para reais. O investidor está sujeito ao risco cambial, dado que a maioria é cotada em dólar, além do risco inerente à ação estrangeira. Há também a opção de adquirir BDRs de ETFs, que replicam índices globais como o MSCI Global ou setoriais como o S&P500 Technology.

Fonte: InfoMoney

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