Lula Testa Força no Senado com Indicações para STF e PGR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um teste de força no Senado Federal com suas indicações para o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR). A disputa pela vaga de Luís Roberto Barroso no STF, inicialmente com o preferido de Lula, o advogado-geral da União Jorge Messias, já demonstra a complexidade da articulação política.

Embora haja resistência de senadores, especialmente do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que teria sido o nome preferido da Casa, o Governo aposta em uma conversa direta entre Lula e Pacheco. A estratégia é convencer Pacheco a desistir publicamente da indicação para o STF e apoiar Messias, dissipando assim as resistências entre os parlamentares.

Contexto da Indicação para o STF

Um membro do PT com acesso ao Senado reconhece que a aprovação de Messias seria mais desafiadora do que a de Pacheco. No entanto, essa liderança demonstra confiança na aprovação final do AGU, descartando a possibilidade de uma rejeição formal por parte do Senado. A articulação para a indicação ao STF é vista como crucial para o equilíbrio de poder entre o Planalto e o Legislativo, especialmente após recentes Derrotas do governo em votações na Câmara, contrastando com vitórias no Senado, como a derrubada da PEC da Blindagem e a aprovação do projeto de isenção do imposto de renda.

Caso a escolha recaia sobre Jorge Messias, espera-se que o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), assuma um papel central na articulação política. Sua função seria coordenar as conversas com as bancadas de centro e oposição, replicando seu desempenho em sabatinas anteriores de indicados ao STF. Wagner ressalta que, em geral, o papel do Senado é realizar a sabatina e verificar o conhecimento Técnico do indicado, exceto em casos de desqualificação explícita.

A Recondução de Paulo Gonet na PGR

A escolha para o STF ocorre em meio a outra disputa de influência: a recondução de Paulo Gonet ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), com sabatina marcada para o dia 12. Muitos parlamentares veem o resultado da votação de Gonet como um termômetro para a futura aprovação do indicado de Lula para o STF. Gonet expressou Confiança na prevalência de razões institucionais republicanas, como tem sido a norma nas deliberações senatoriais.

A intenção do Planalto é evitar que uma eventual derrota na PGR contamine a negociação para a cadeira no Supremo. Apesar da indefinição, alguns apoios já começam a se manifestar. O senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), membro da Frente Parlamentar Evangélica, demonstrou simpatia por Jorge Messias, descrevendo-o como equilibrado e preparado. Ele declarou publicamente seu voto e trabalho para a eleição de Messias ao STF, citando sua capacidade técnica e competência na AGU.

A oposição, por outro lado, mantém uma postura de reserva. O senador Marcos Rogério (PL-RO) prefere não antecipar uma posição, mas admite que o governo pode enfrentar dificuldades na aprovação de seu indicado, dependendo da escolha final. A estratégia do governo envolve buscar o apoio de senadores de todas as esferas, inclusive da oposição, e conta com o auxílio de senadores evangélicos para a aprovação de Messias.