McCloskey ironiza imposto sobre bilionários: “Boa sorte”

A economista liberal americana Deirdre McCloskey, conhecida por suas ideias provocadoras, ironizou a proposta de um imposto de 2% sobre o patrimônio dos mais ricos. Em Entrevista, ela questionou a eficácia de tais medidas, afirmando: “Boa sorte com isso”. Segundo McCloskey, os ultrarricos têm a capacidade de se mudar, citando o exemplo de suecos que optaram por residir na Suíça para escapar de impostos sobre fortunas.

McCloskey, que possui um retrato de Karl Marx em seu escritório — uma charge da revista National Review que o retrata de forma anacrônica —, defende uma visão do liberalismo original, mais próxima dos ideais revolucionários de 1776 e 1789. Ela argumenta que o liberalismo moderno sofre ataques tanto da esquerda radical quanto da direita mais conservadora, como a associada a Donald Trump, a quem considera perigoso.

Críticas a Propostas de Redução da Desigualdade

A economista também teceu Críticas a propostas de economistas como Thomas Piketty e Gabriel Zucman. Embora reconheça a energia de Piketty, ela aponta erros teóricos em suas análises sobre oferta e demanda. Sobre a taxa proposta por Zucman, McCloskey sugere que o foco em tributar os mais ricos não resolverá o problema fundamental da desigualdade econômica. Para ela, o caminho para a prosperidade da classe trabalhadora passa por resolver a desigualdade de oportunidades, um pilar do liberalismo moderno que, segundo ela, gera prosperidade.

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A economista exemplifica o poder do capitalismo liberal ao citar a China, que, apesar de ser um “país iliberal”, obteve sucesso econômico ao adotar elementos do capitalismo. Ela compara o desenvolvimento chinês e indiano com o de Singapura, e coloca o Brasil em desvantagem nesse contexto.

Responsabilidade Nacional e Dignidade Individual

McCloskey rejeita a atribuição do atraso brasileiro unicamente ao passado colonial ou à desigualdade racial, argumentando que países como a Índia e Botsuana assumiram suas responsabilidades e prosperaram. Ela cita o poeta Robert Burns para enfatizar a importância do respeito próprio e da resiliência individual, independentemente do sucesso financeiro.

A dignidade advinda da liberdade é o cerne do liberalismo para McCloskey. Ela mesma é um exemplo dessa liberdade, tendo realizado sua transição de gênero aos 53 anos. No livro “Por que o Liberalismo Funciona”, ela defende que o verdadeiro liberalismo cria as condições ideais para a autoafirmação individual, inclusive em termos de identidade de gênero, criticando posturas de progressistas e conservadores sobre os direitos LGBTQIA+.

O Verdadeiro Liberalismo

Em sua análise, o liberalismo original defende a liberdade humana em sua radicalidade. McCloskey, professora do Cato Institute e colunista, busca resgatar os ideais libertários em contraponto ao que chama de “novo liberalismo” e socialismo estatizantes. Sua obra “Por que o Liberalismo Funciona”, lançada no Brasil, explora esses conceitos de forma espirituosa e provocadora.

Fonte: Folha de S.Paulo