O Ibovespa encerrou a sexta-feira em queda, intensificando a correção negativa observada em outubro. A bolsa brasileira foi impactada por fortes perdas em Wall Street e pelo declínio acentuado dos preços do petróleo no mercado Internacional, além de crescentes preocupações com o cenário fiscal do país.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuou 0,73%, fechando o pregão a 140.680,34 pontos. Durante o dia, o índice atingiu a mínima de 140.231,24 pontos e a máxima de 142.273,75 pontos. O volume financeiro negociado na sessão somou R$22,4 bilhões.
Na comparação semanal, o Ibovespa acumulou uma desvalorização de 2,44%. No acumulado do mês de outubro, a perda chega a 3,8%, após o índice ter renovado máximas em setembro, quando registrou uma alta de aproximadamente 22% no ano.
No cenário internacional, a última sessão da semana nos Estados Unidos foi marcada por um clima de cautela, após o presidente Donald Trump ameaçar aumentar tarifas contra a China e cogitar o cancelamento de um encontro com o presidente Xi Jinping. Em resposta, o S&P 500, um dos principais índices de Wall Street, fechou em baixa de 2,71%.
No Brasil, notícias sobre planos do governo para 2026 que não apresentavam garantias de receitas adicionaram apreensão ao mercado. Há um receio de que medidas com potencial efeito fiscal negativo possam ser adotadas com vistas às eleições do próximo ano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou, contudo, o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal, ao mesmo tempo em que busca expandir políticas de Inclusão social. Lula fez essas declarações durante um evento em que o governo federal anunciou um novo modelo de crédito imobiliário.
Segundo Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, o dia foi de cautela globalmente. No Brasil, a incerteza reside em como o governo pretende suprir o rombo nas contas públicas após a derrubada de parte das mudanças propostas pela Medida Provisória 1303, que visava compensar a redução de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
“Está todo mundo aguardando para ver exatamente onde eles vão conseguir cortar para suprir o rombo. O dinheiro vai ter que sair de algum lugar…”, comentou Correia, referindo-se também a sinalizações de “medidas populistas” e questionando “Quem é que vai pagar?”. Ele concluiu que a incerteza fiscal gera preocupações que o mercado penaliza nos preços.

Destaques do Mercado
As ações da PETROBRAS PN caíram 0,89%, acompanhando o recuo dos preços do petróleo no exterior, que foram influenciados pelo acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas. O barril do tipo Brent encerrou em baixa de 3,82%. A PETROBRAS ON também registrou declínio, com queda de 0,75%.
A VALE ON terminou o pregão com desvalorização de 0,41%, revertendo os ganhos iniciais que chegaram a superar 1%. O desempenho foi endossado pela alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian avançou 1,02%.
Os bancos do Ibovespa apresentaram desempenho negativo. O BANCO DO BRASIL ON liderou as quedas entre as instituições financeiras, com recuo de 2,74%. BRADESCO PN cedeu 1,35%, SANTANDER BRASIL UNIT perdeu 2,15%, BTG PACTUAL UNIT registrou baixa de 0,57% e ITAÚ UNIBANCO PN fechou com queda de 0,11%.
A BRASKEM PNA recuou 3,83%, reagindo a um relatório de analistas do Citi que cortou a recomendação dos papéis para neutra/alto risco. O banco citou incertezas sobre a estrutura de capital da petroquímica e reduziu o preço-alvo de R$11 para R$8.
No setor imobiliário, a DIRECIONAL ON perdeu 1,81%. Outras construtoras que divulgaram prévias operacionais do terceiro trimestre na véspera também fecharam em baixa: CURY ON recuou 0,84% e CYRELA ON caiu 0,62%.
A SUZANO ON, por outro lado, avançou 1,05%, impulsionada pela alta do dólar. A empresa também recebeu aprovação do BNDES para um financiamento de R$250 milhões destinado à restauração de áreas degradadas em biomas como Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia.
Fora do Ibovespa, a AMBIPAR ON fechou em queda de 2,78%, após ter disparado 54% mais cedo. A empresa comunicou que o controlador teve sua participação acionária reduzida de 73,48% para 67,68%, alegando “alienação irregular”.
Fonte: InfoMoney