A Inteligência Artificial generativa está transformando a forma como os brasileiros realizam transações financeiras. Bancos como PicPay, Itaú e Nubank estão na vanguarda, permitindo que clientes transfiram dinheiro diretamente pelo WhatsApp, integrando a conveniência de mensagens com a eficiência dos pagamentos instantâneos.
Pix e IA: A Nova Fronteira dos Pagamentos no Brasil
Desde o lançamento do Pix em 2020 pelo Banco Central, o Brasil se tornou um líder global em pagamentos digitais. Com mais de 56 bilhões de transferências realizadas no último ano, o Pix consolidou-se como a espinha dorsal das transações no país. Paralelamente, o uso do mobile banking disparou, atingindo 90% em 2024, superando os Estados Unidos. Essa infraestrutura robusta abriu caminho para inovações como a IA generativa.
Guilherme Horn, chefe do WhatsApp para mercados estratégicos, destaca que o Brasil é um “berço de soluções inovadoras usando IA”. Ele ressalta que o WhatsApp, plataforma de negócios utilizada diariamente por mais de 90% dos brasileiros, é ideal para unir pagamentos instantâneos e a confiança dos usuários.
Pagamentos Simplificados via Chat
A principal novidade é a capacidade de realizar Transferências via Pix no WhatsApp sem a necessidade de abrir os aplicativos bancários. Clientes podem simplesmente enviar o valor e a chave Pix do destinatário por texto, voz ou imagem. O sistema confirma os dados, solicita autenticação biométrica ou por senha no aplicativo do banco e retorna o comprovante diretamente no chat. Essa fluidez representa uma melhoria significativa na experiência do usuário.
Alvaro Lima, pesquisador biomédico, relata que a facilidade de pagar almoços encomendados pelo WhatsApp, enviando o dinheiro instantaneamente após o pedido, o fez adotar a funcionalidade. “Pagar pelo WhatsApp ficou mais fácil”, afirma.
Brasil: Líder em Inovação Financeira com IA
Fábio Licere, sócio-líder de gestão de riscos financeiros da KPMG no Brasil, aponta que, embora outros mercados liderem em certas áreas de IA generativa, o Brasil se destaca por criar um “ambiente altamente propício à inovação”. A forte adesão dos consumidores, a competição entre players digitais e uma regulação moderna são fatores cruciais para esse avanço. O país não apenas acompanha, mas também “exporta referência” em soluções financeiras com IA.
A ascensão do Pix tem desafiado gigantes globais como Visa e Mastercard, que levantam preocupações sobre vantagens competitivas. Em resposta, outras instituições financeiras brasileiras também estão integrando IA e Pix em suas estratégias.
Expansão e Diversificação dos Serviços Financeiros Digitais
Bancos tradicionais como BTG Pactual, Bradesco e Banco do Brasil já oferecem ou expandiram o uso de IA generativa para processar transações via WhatsApp. O BTG Pactual lançou o Pix no WhatsApp em fevereiro, o Bradesco em julho, e o Banco do Brasil utiliza IA para processar Pix por imagens desde setembro. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aponta a IA generativa como uma prioridade para o setor.
Fintechs como o Mercado Pago também estão investindo em assistentes pessoais com IA para orientar os clientes sobre finanças, com lançamento inicial previsto para o Brasil. O PicPay relata um aumento de 45% na satisfação de seus usuários após a implementação de ferramentas de IA generativa.
Desafios e Segurança na Escala da IA Financeira
Apesar do otimismo, o Brasil enfrenta desafios na expansão de soluções financeiras com IA. Mariana Pimenta, da Strategy&, aponta que a infraestrutura tecnológica do país ainda está em desenvolvimento, e Licere (KPMG) menciona a escassez de talentos especializados em IA. A segurança é uma preocupação constante, especialmente devido a golpes em redes sociais. No entanto, os bancos asseguram que o Pix no WhatsApp é protegido por sistemas antifraude e requer autenticação bancária, sem relatos de falhas até o momento.
Joana Henklein, da Accenture Brasil, ressalta a habilidade das instituições brasileiras em equilibrar avanços tecnológicos com fortes camadas de segurança. Carlos Daltozo, da Bridgewise, adverte que a velocidade de adoção da IA generativa é crucial, pois o atraso pode significar ficar “para trás” em um ciclo de mudança tecnológica acelerada.
Fonte: Valor Econômico