O setor financeiro está passando por transformações aceleradas, impulsionadas por tecnologias como Inteligência Artificial (IA), open finance, blockchain, computação em nuvem e inovação aberta. Bancos, startups e fintechs estão reinventando suas operações e a relação com os clientes. Esse movimento foi tema central do Meet Point Estadão Think, em Parceria com a Evertec.
A IA é vista pela Evertec como uma força motriz de disrupção. Carlos Sangiorgio, vice-presidente de Tecnologia e Operações da companhia no Brasil, destacou a importância de integrar serviços com a tecnologia no centro. “A inteligência artificial é essencial na nossa estratégia. Criamos um laboratório de IA dentro da companhia, que agora é um verdadeiro AI Center.”
Sangiorgio explicou que a inovação se baseia em três pilares: melhoria de processos internos com IA (atendimento ágil), incorporação de tecnologias aos produtos (análises de crédito) e aprimoramento da engenharia de software. “Elevando a Barra de qualidade e diminuindo problemas”, disse.
A Evertec lidera o Torq, um hub de inovação aberta e aceleração de negócios, que permite ao universo financeiro brasileiro acelerar o desenvolvimento com ideias promissoras. “Nós mesmos buscamos opções de inovação aberta no Torq e percebemos a possibilidade de incorporar essas soluções aos nossos produtos, muitas vezes repensando até o nosso processo de desenvolvimento”, pontuou Sangiorgio.
Alexandre Rhein, diretor de TI do Banco Daycoval, ressaltou a crescente acessibilidade dos avanços da IA. “Conhecimentos que antes eram caros estão se tornando disponíveis para todos. A tecnologia atingiu níveis de processamento que já chegam à população. A IA permite uma produtividade sem precedentes: análise de crédito em segundos, revisão de código em minutos – tarefas que antes levavam dias – e hiperpersonalização de ofertas para clientes”, sinalizou.
“Com esse volume de IA nas empresas, estamos falando de um novo modelo de negócios, com bancos cada vez mais automatizados, necessidades dos clientes antecipadas e uma abordagem completamente diferente de automação”, acrescentou Rhein. Ele também destacou a necessidade de equilibrar segurança e flexibilidade no setor financeiro.
“O Mercado financeiro é muito regulado e tem aversão ao risco, enquanto inovação demanda flexibilidade e aceitação do erro. No Daycoval, vemos que esses mundos opostos precisam andar juntos. A inovação é incorporada na empresa, com equipes multidisciplinares. Ao mesmo tempo, é importante medir o progresso dos inovadores de forma diferente, reconhecer tentativas e conhecimento adquirido, e não apenas resultados finais”, explicou o diretor.
Rodrigoh Henriques, diretor de Inovação da Fenasbac, enfatizou o papel do regulador no fomento à inovação e na sinergia entre startups, bancos e o cenário regulatório. “Se não existe um caminho regulatório claro, acabamos apenas desperdiçando tempo e energia dos inovadores. O risco para a fintech é investir muito em pesquisa, em modelagem e no desenvolvimento de produtos, para, ao final, receber do regulador uma negativa. Isso é um problema seriíssimo para esse ecossistema”, alertou Henriques.
Henriques mencionou o diferencial do Brasil em criar ambientes como o sandbox regulatório e laboratórios de inovação, permitindo testes em pequena escala de ideias promissoras. “O regulador entendeu que é melhor trazer esses projetos para perto e aprender com eles, do que simplesmente proibir”, sintetizou.
Ele concluiu que soluções como centralizadores de contas, tokenização de recebíveis em blockchain, uso de IA para análise de dados e experiência do cliente, e stablecoins lastreadas no Pix, eram consideradas inviáveis pela legislação há pouco tempo. Os executivos concordam que o futuro financeiro será construído por um ecossistema interconectado de velocidade de inovação, regulação e segurança avançada.
Fonte: Estadão