As ações da Hypera (HYPE3) apresentaram forte alta no pregão desta quarta-feira (29). O movimento ocorreu após a divulgação de que o Lucro líquido de operações continuadas no terceiro trimestre atingiu R$ 453,9 milhões, superando em 10% o consenso de mercado. Por volta das 11h22, os papéis da farmacêutica registravam uma valorização de 4,41%, alcançando R$ 24,36.
De maneira geral, a companhia apresentou resultados trimestrais alinhados às expectativas, indicando uma melhora operacional significativa após a conclusão do processo de otimização de seus canais de distribuição.
No terceiro trimestre de 2025, a Hypera reportou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) de R$ 756 milhões. Este valor representa um leve avanço de 2% em relação à estimativa divulgada pelo Goldman Sachs.
Conforme antecipado pelo banco, a empresa observou uma reaceleração nas vendas ao varejo (sell-out), com um aumento de 8,3% na comparação anual, superando a projeção de 8,0%. Esse desempenho positivo foi impulsionado pelo lançamento de novos produtos em categorias específicas e pelo clima mais rigoroso, que elevou a demanda por medicamentos para gripe.
Vendas no varejo impulsionam receita
A margem EBITDA atingiu 0,3 ponto percentual acima da projeção do banco. A melhora na margem bruta foi suficiente para compensar o aumento nas despesas com marketing. O fluxo de caixa livre (FCF) também demonstrou robustez, alcançando R$ 689 milhões, um crescimento de 25% em relação ao ano anterior. Esse resultado foi beneficiado pelo efeito residual da conclusão do processo de otimização do capital de giro.
Segundo análise do JPMorgan, o desempenho positivo da Hypera é resultado da combinação de um mix de vendas mais favorável após a otimização de canais, ganhos de alavancagem operacional com o aumento do volume de produção e vendas, e maior eficiência nas despesas gerais, administrativas e comerciais (SG&A). Estes fatores contribuíram para uma expansão de 6,1 pontos percentuais na margem EBITDA ajustada, que chegou a 34% no trimestre.
Apesar de o canal institucional ter apresentado um desempenho mais fraco e os descontos promocionais terem permanecido em níveis elevados, exercendo leve pressão sobre a receita, esses efeitos foram contrabalançados por uma margem bruta superior às expectativas, contenção de despesas e menores despesas financeiras líquidas, conforme apontado pelo Morgan Stanley.
Recuperação das vendas e forte geração de caixa
A Hypera registrou um crescimento de 8% nas suas vendas no terceiro trimestre, uma aceleração notável em comparação aos 5,5% reportados no trimestre anterior. Essa performance, segundo o Itaú BBA, ajuda a mitigar as preocupações dos investidores sobre uma possível desaceleração nas vendas no restante do ano. No entanto, qualquer indicativo sobre o desempenho das vendas no quarto trimestre de 2025 continuará sob o escrutínio do Mercado.
O Itaú BBA também ressalta a forte geração de caixa da empresa no período, evidenciada por uma expressiva redução de R$ 389 milhões na dívida líquida, após ajuste nos juros sobre o capital próprio.
A geração de caixa, que superou os R$ 200 milhões estimados pelo JPMorgan, foi impulsionada por uma redução de 88 dias no ciclo de conversão de caixa em relação ao ano anterior. Este fator reforça a trajetória de gradual redução da alavancagem financeira da companhia.
Pontos de atenção no trimestre
Em contrapartida, as vendas no mercado institucional apresentaram uma retração de 4,3% na base anual, refletindo um desempenho mais fraco no canal público. O Goldman Sachs também destacou que os descontos promocionais mantiveram-se elevados, em um cenário de competição mais intensa em certas categorias de produtos.
As despesas de marketing representaram 16,5% da receita, um aumento de 1,5 ponto percentual acima do esperado. Isso se deveu a maiores investimentos em publicidade digital, uma tendência que o Goldman Sachs pretende monitorar de perto para avaliar se continuará a sustentar o crescimento das vendas das Marcas próprias da Hypera.
Perspectivas e recomendações do mercado
Para os próximos trimestres, o Morgan Stanley projeta que a companhia mantenha resultados normalizados. Existe um potencial de alta adicional caso o lançamento do análogo de Semaglutida, ainda pendente de aprovação regulatória, seja concretizado.
Os bancos Itaú BBA, Morgan Stanley e JPMorgan reiteraram sua recomendação de compra para as ações da Hypera, com preços-alvo de R$ 35, R$ 30 e R$ 32, respectivamente. Em contraste, o Goldman Sachs manteve uma Classificação neutra, com preço-alvo de R$ 24.
Fonte: InfoMoney