Holanda assume controle da Nexperia, gigante chinesa de chips, por segurança

Holanda assume controle da Nexperia, gigante chinesa de chips, por riscos à segurança econômica da Europa. Entenda os motivos e as tensões geopolíticas.
controle Nexperia Holanda China — foto ilustrativa controle Nexperia Holanda China — foto ilustrativa

O Governo da Holanda tomou o controle da Nexperia, fabricante de semicondutores com origem chinesa. A medida, anunciada no domingo (12), visa proteger a segurança econômica da Europa, alegando que a empresa apresentou “graves falhas de governança”.

Risco à Tecnologia e Tensão Geopolítica

O Ministério da Economia holandês declarou que a intervenção foi necessária devido a uma “ameaça à continuidade e à preservação, em solo holandês e europeu, de conhecimentos e capacidades tecnológicas cruciais”. Essa ação eleva a tensão entre o Ocidente e a China no Acesso a tecnologias estratégicas, como semicondutores avançados. Recentemente, a China impôs restrições à exportação de terras raras, essenciais para diversos produtos industriais.

A Nexperia, sediada na Holanda, é majoritariamente controlada desde 2019 pelo grupo tecnológico chinês Wingtech. O ministério holandês acionou a Lei de Disponibilidade de Bens para impedir que os produtos da Nexperia se tornem indisponíveis em cenários de emergência.

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Sede da Nexperia na Holanda, fabricante de chips controlada por grupo chinês.
A Nexperia, fabricante de semicondutores com sede na Holanda, teve seu controle assumido pelo governo local.

Intervenção e Reação Chinesa

O ministro da Economia holandês, Vincent Karremans, agora detém poderes para vetar ou reverter decisões do conselho da Nexperia. Essa intervenção, formalizada em 30 de setembro, só se tornou pública no domingo (12).

A Wingtech criticou a decisão holandesa, classificando-a como “um ato de interferência excessiva, motivado por viés geopolítico”. A empresa chinesa argumentou que a ação contraria os princípios de Mercado e comércio justo defendidos pela União Europeia.

Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores da China expressou oposição ao uso de conceitos de segurança nacional para justificar medidas discriminatórias contra empresas chinesas, pedindo à Holanda que evite a politização de questões econômicas e comerciais.

Impacto Financeiro e Histórico da Aquisição

As ações da Wingtech em Xangai registraram queda de 10% após a divulgação da notícia. A empresa informou que, em 30 de setembro, o governo holandês emitiu uma ordem impedindo ajustes em ativos, propriedade intelectual, operações ou pessoal da Nexperia por um ano. No dia seguinte, executivos da Nexperia entraram com um pedido de emergência no tribunal de apelação de Amsterdã, que suspendeu o CEO chinês Zhang Xuezheng e determinou a nomeação de um diretor independente.

A aquisição da Nexperia por um consórcio chinês com apoio estatal ocorreu em 2017 por US$ 2,8 bilhões. A Wingtech, inicialmente uma fabricante de smartphones por contrato, intensificou seu controle sobre a empresa posteriormente.

Restrições e Precedentes

A Wingtech já havia sido incluída em uma lista de entidades pelos EUA, sob acusação de auxiliar a China a adquirir tecnologia sensível de semicondutores. Recentemente, novas regras americanas estenderam restrições de vendas a subsidiárias de empresas listadas, o que poderia impactar a Nexperia.

Em novembro de 2022, a Nexperia teve sua tentativa de comprar a Newport Wafer Fab, no Reino Unido, bloqueada por preocupações de segurança nacional. O governo holandês ressaltou que a ação contra a Nexperia não é direcionada a outros países ou setores, e que as partes podem recorrer à justiça.

Fonte: Folha de S.Paulo

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