Haddad: Inflação baixa ou críticas ao BC? O dilema do governo Lula

Fernando Haddad enfrenta dilema: exaltar controle da inflação ou criticar juros do BC? Entenda o impacto fiscal e as expectativas para a Selic.
Haddad críticas Banco Central — foto ilustrativa Haddad críticas Banco Central — foto ilustrativa

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfrenta um dilema em seu discurso: exaltar o controle da inflação sob o Governo Lula ou direcionar Críticas à política de juros do Banco Central (BC). Ambas as narrativas dificilmente coexistem na fala de uma mesma autoridade, especialmente quando a inflação, embora em queda, ainda se mantém acima do teto da meta. A desaceleração dos preços é, em grande parte, um resultado técnico do Comitê de Política Monetária (Copom). A manutenção da meta de inflação em 3% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com o apoio de Haddad, foi crucial para ancorar as expectativas, permitindo que o ministro agora afirme que a média do IPCA neste mandato será a mais baixa desde o início do Plano Real.

Haddad tem argumentos para defender a gestão econômica. Ele atuou na manutenção da meta de inflação em 3% no CMN, dissuadindo o presidente Lula de elevá-la no início do governo. Além disso, indicou Gabriel Galípolo, seu ex-braço direito no Ministério da Fazenda, para a presidência do BC. Esses fatores podem contribuir para uma média de inflação mais baixa no atual mandato em comparação com períodos anteriores, quando a meta era mais elevada (4,5% até 2018, com tolerância de até 6%). O BC, por sua vez, tem focado em um patamar mais baixo e, com seu trabalho Técnico, tem sido bem-sucedido no controle de preços, mesmo que a velocidade não atenda às expectativas do país.

Desafios Fiscais e Impacto nos Juros

A velocidade de queda dos juros é diretamente impactada pela política fiscal do governo Lula, que ainda gera insegurança no Mercado. Essa incerteza pressiona o dólar, afeta as expectativas de inflação e contribui para a diminuição da poupança agregada. Apesar da aprovação do novo arcabouço fiscal, o governo não conseguiu entregar superávits primários consistentes e alterou a meta no ano passado com compromissos fiscais mais flexíveis. O resultado primário tem sido beneficiado por exceções e medidas que vão além do Executivo, envolvendo também o Congresso e o Judiciário. O mercado financeiro teme que promessas de campanha de Lula para o próximo ano resultem em aumento de gastos e, consequentemente, em pressão sobre os preços.

Copom Mantém Juros Altos e Cenário para 2025

Na última decisão, o Banco Central manteve a taxa Selic em 10,50% ao ano e sinalizou que os juros permanecerão nesse patamar por um período “bastante prolongado”. Isso indica que uma redução em dezembro é improvável e a manutenção em janeiro também é uma possibilidade. Apesar da cautela, houve uma leve melhora no cenário para os preços. Nos Estados Unidos, críticas à política do Federal Reserve (Fed) são frequentemente feitas pelo ex-presidente Donald Trump. No Brasil, Haddad e Lula têm assumido um papel semelhante de questionamento sobre os juros altos. A estratégia mais recomendada seria que o governo reconhecesse formalmente a queda da inflação e o trabalho técnico do BC, em vez de focar em críticas à política monetária.

O Dilema de Haddad: Equilibrando Controle Inflacionário e Críticas ao BC

O ministro Fernando Haddad precisa alinhar sua comunicação entre o sucesso no controle da inflação e as Críticas à política de juros. Enquanto a inflação controlada é um mérito da gestão atual, a taxa de juros elevada é uma ferramenta técnica do Banco Central para atingir as metas. A manutenção da meta de inflação em 3% pelo CMN, com o apoio de Haddad, foi um passo importante para ancorar expectativas. Agora, a gestão fiscal e a confiança do mercado tornam-se cruciais para permitir uma redução mais rápida dos juros e consolidar a trajetória de queda da inflação.

Fonte: Estadão

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