Haddad: Se fosse do BC, votaria por queda imediata dos juros

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, defende corte na Selic e diz que votaria pela redução dos juros se fosse membro do Copom.
queda dos juros — foto ilustrativa queda dos juros — foto ilustrativa

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou sua Defesa pela redução dos juros, declarando que, se fosse membro do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, votaria pela diminuição da taxa atual de 15%.

“Eu não sou diretor do Banco Central. Se eu fosse, eu votava pela queda, porque não se sustenta 10% de juros reais”, afirmou Haddad em um evento em São Paulo.

O Brasil ostenta a segunda maior taxa de juro real do mundo, com 9,51%, atrás apenas da Turquia (12,34%), segundo levantamento de setembro. O ministro expressou compreensão pela preocupação do Copom com a inflação, mas argumentou que o momento econômico atual favorece a redução.

“Eu tenho alergia de inflação. Eu sei o que a inflação provoca na vida das pessoas. Agora, tem razoabilidade, tem uma questão de razoabilidade. A dose do remédio, para se transformar em veneno, é muito pouca diferença entre uma coisa e outra”, comentou.

Pressão pela Queda da Selic

Haddad enfatizou que a redução da Selic é um movimento inevitável. “Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair, não tem como sustentar 10% de juro real”.

Na última reunião, em setembro, o Copom indicou que o patamar de 15% permaneceria por um “período bastante prolongado”, enquanto avaliaria a suficiência da política atual para atingir a meta de inflação de 3%.

Economistas têm revisado para baixo as previsões para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano. A estimativa mais recente era de 4,55%, próxima do teto da meta (4,5%), considerando a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

“Acho que nós estamos numa condição em que nós podemos entrar bem em 2026, tranquilo, podemos terminar o mandato com indicadores muito superiores. Nós podemos controlar a dívida pagando nenhum juro”, avaliou Haddad.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento em São Paulo defendendo a queda dos juros.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, defende redução da Selic.

Cenário Externo e Incertezas

O Copom, em sua ata de setembro, ressaltou a persistência de incertezas no cenário externo, exigindo cautela. O comit&ecirc mencionou o início do ciclo de corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) em 0,25 ponto percentual e o ritmo de crescimento norte-americano. Dados econômicos dos EUA foram impactados pela paralisação governamental.

Dúvidas sobre o impacto das tarifas impostas pelo Governo de Donald Trump na inflação norte-americana também foram destacadas. “De todo modo, os riscos de longo prazo, que inclusive contribuem para tornar o cenário incerto, como a introdução de tarifas e a elevação de gastos fiscais, se mantêm presentes”, afirmou o comitê.

O documento reiterou que o foco será nos reflexos do cenário externo sobre a inflação doméstica. A apreciação do câmbio foi associada ao diferencial de juros e à depreciação do dólar frente a outras moedas.

Atividade Econômica e Inflação Doméstica

No âmbito doméstico, o Banco Central observou uma “moderação gradual” da atividade econômica, uma “certa diminuição” da inflação corrente e uma “alguma redução” nas expectativas dos agentes econômicos, temas que geram desconforto para os membros do colegiado.

Fonte: Folha de S.Paulo

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